O movimento nos shoppings onde ocorreram os "rolezinhos" caiu cerca de 25% no dia do evento, aponta a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop). A entidade informou que também houve queda na circulação de pessoas nos dias que antecederam a atividade, a partir do momento em que o evento era anunciado para determinado centro comercial nas redes sociais. Segundo pesquisa da Alshop, 71% dos clientes desaprovam o encontro de jovens nos shoppings.
Os "rolezinhos" estão ocorrendo desde dezembro de 2013 e são convocados nas redes sociais por jovens da periferia para centros comerciais da cidade. Milhares de pessoas comparecem ao evento. A iniciativa têm sido reprimida pela polícia e proibida por decisões judiciais.
O presidente da entidade, Nabil Sahyoun disse hoje (22) que estes jovens são bem-vindos nos centros comerciais, desde que individualmente. "O que não podemos admitir é um grupo que entre para fazer baile funk nos corredores, porque não podemos correr o risco de ter alguma fatalidade dentro desses empreendimentos", declarou.
Sahyoun nega que os centros comerciais tenham tido um comportamento racista ao impedir a entrada de alguns jovens. Ele avalia que alguma atitude pode ter sido assumida individualmente por algum funcionário. "Falar de racismo é um absurdo. Os shoppings estão abertos para todos, de todas as classes, de qualquer faixa de poder aquisitivo. O que estamos preocupados é um grupo de mil, duas mil pessoas que entrem, não pode permitir em respeito a segurança de todos eles".
Ele informou que o governo estadual se comprometeu a promover eventos públicos que atraiam a juventude. De acordo com Sahyoun, os locais devem ser indicados nas próximas duas semanas. "Os lojistas, inclusive, poderão patrocinar essas iniciativas", apontou.
Na quarta-feira (29), representantes da Alshop vão se reunir com ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e a ministra da Cultura, Marta Suplicy, para discutir ações federais para conter os "rolezinhos".
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, descartou a necessidade de intervenção federal para conter estes eventos nos shoppings. "Em termos de segurança pública, [a intervenção] não é necessária", disse na segunda-feira (20). Ele reforçou que os encontros de jovens não justificam uma ação policial, nem mesmo a realização de triagens sobre quem pode ou não entrar nos centros de compras. "A polícia acompanha estes movimentos e só faz intervenção quando há atos de vandalismo", declarou.
Além da reunião com o governo federal, a Alshop pedirá uma audiência com a prefeitura paulista. Na manhã de hoje, o presidente da associação participará de um encontro com o secretário de Promoção da Igualdade Racial do município, Netinho de Paula.
A orientação da associação, caso haja nova convocação nas redes sociais é que as portas sejam fechadas. Cada shopping deve adotar o procedimento que considerar adequado. "Como consumidores, eles são importantes. O que a gente está fazendo é potencializando o respeito e a segurança desses empreendimentos", apontou.