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Móveis artesanais de Cambé para o mundo

04 fev 2010 às 10:45

A valorização da área de lazer na moradia do brasileiro e o crescimento dos condomínios horizontais e dos apartamentos com grandes sacadas ajudam a impulsionar o mercado de móveis direcionados para a área externa. Um exemplo são os artesanais feitos em fibra sintética, cujas empresas se proliferaram nos últimos anos.

Na região de Londrina, grande parte delas está em Cambé. São mais de dez empresas de portes médio, pequeno e micro. Não há, porém, informação oficial sobre a produção total do segmento. Algumas empresas vendem para todo o Brasil e já há, inclusive, exportação.


Os móveis dessa linha têm estrutura de alumínio e as fibras são trançadas manualmente. Uma das pioneiras na região, a D'Junco Indústria e Comércio de Móveis começou em 1998, produzindo apenas peças em junco (cipó), mas depois de um ano passou para as fibras sintéticas. ''Na época, fui para Milão visitar uma feira e vi que esse mercado podia crescer bastante'', conta o sócio-proprietário Ademir Figueiró. No início, durante seis meses, ele importou a fibra sintética da Alemanha, mas logo implementou a produção da matéria-prima na região. Hoje, quem fornece a fibra para a D'Junco é uma empresa do filho de Figueiró.


Para trançar as fibras, antes de abrir a fábrica o empresário foi buscar mão de obra no Maranhão. ''Trouxemos 14 maranhenses que já tinham experiência com o artesanato '', lembra. Hoje alguns desses artesãos pioneiros estão em outras empresas que foram criadas na região. Nessa rotatividade, há casos de ex-funcionários que abriram a sua própria empresa. A cada ano, calcula Figueiró, surge uma média de cinco fábricas na região. Nem todas, porém, permanecem no mercado.


''Esses móveis (de fibra sintética) se popularizaram muito. Hoje muita gente tem piscina em casa, e o móvel de plástico quase não se usa mais'', observa Figueiró. A produção atual da empresa - com 110 funcionários - é de 80% de peças em fibra sintética e o restante de junco natural. Há funcionários específicos para trabalhar com o junco, que precisa ser fervido para ser trançado. Para a estrutura dos móveis, Figueiró também usa madeira de demolição, embora a maior parte seja alumínio.


''Estamos sempre fazendo pesquisa para sentir o mercado. Alumínio polido com junco, por exemplo, não se usava e hoje está na moda. Voltamos a produzir (com junco)'', pondera. Para este ano, Figueiró projeta um crescimento de 15% no faturamento em relação ao ano passado. Ele vende no atacado e atende arquitetos no showroom da empresa. Comercializa em todos os Estados brasileiros e, por enquanto, não tem intenção de exportar. ''Esse produto é muito fabricado na Ásia também. Países como Tailândia e Filipinas têm mão de obra bem mais barata que a nossa. É difícil competir'', constata.


Mercosul


Aberta há seis anos, a Dona Flor Mobília, também de Cambé, tem 80 funcionários, produz entre 2 mil e 3 mil peças por mês, vende para todo o território nacional, além de exportar para Argentina, Uruguai, Chile, República Dominicana e, esporadicamente, Europa. ''O Mercosul é muito forte pela facilidade com o frete'', afirma um dos três sócios da empresa, Marcelo Yamasita.


Eles trabalham exclusivamente com móveis em alumínio trançados com fibra sintética. São 15 cores e cinco tipos de tramas. A empresa ocupa cinco barracões num raio de 500 metros e está alugando o sexto, totalizando mais de 3 mil metros quadrados de área. Yamasita conta que a empresa deu um salto entre 2007 e 2008, quando o faturamento cresceu entre 60% e 70%. ''Conseguimos abocanhar grande parte do mercado'', diz. Em 2009, faturou de 15% a 20% a mais que no ano anterior e espera fechar 2010 mantendo a carteira.

Esta variedade de móveis, diz Yamasita, tem como público-alvo a classe alta. ''Há um tempo atrás não existiam os condomínios horizontais e os amplos apartamentos com sacadas, que hoje fomentam grande parte do mercado (de móveis para áreas externas)'', repara. A empresa vende no atacado e tem uma loja em Londrina.


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