Montadoras de automóveis da região do ABC Paulista adotaram medidas para reduzir custos com trabalhadores, sem promover demissões. Em seu último levantamento, divulgado no mês passado, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) estimou que 25 mil trabalhadores do setor estão com contratos de trabalho suspensos, no chamado sistema de lay off.
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos, na Volkswagen, em São Bernardo, 2.357 trabalhadores da Fábrica Anchieta terão, a partir de segunda-feira (6), os contratos suspensos por cinco meses. Dados do sindicato indicam que a Volkswagen tem 221 funcionários em esquema de lay off desde 1º de junho. Pela medida, os trabalhadores recebem salários integrais, metade paga pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e metade pela empresa.
Segundo o sindicato, além de adotar o lay off, a Volkswagen encerrou o terceiro turno, que permitia que a fábrica funcionasse no período noturno. Os cerca de 1,8 mil empregados que trabalhavam à noite foram realocados para outros horários.
Leia mais:
Um terço das famílias brasileiras sobreviveu com renda de até R$ 500 por mês em 2021, mostra FGV
Taxa de desemprego no Brasil cai para 9,8%, segundo IBGE
Termina nesta terça o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda
Número de inadimplentes de Londrina cai 14% em abril, segundo dados do SPC
As medidas foram tomadas em razão da queda na produção. No ano passado, a fábrica produzia 1,4 mil veículos por dia, número que caiu para 800 este ano. A Fábrica Anchieta emprega 11 mil pessoas, sendo 8 mil apenas na produção. Acordo intermediado pelo sindicato impede a demissão desses funcionários até 2019.
Na Mercedes-Benz, a proposta aos trabalhadores foi reduzir, por um ano, em 20% a carga horária e em 10% os salários. A proposta garantiria a estabilidade de todos os trabalhadores no período e o retorno de parte dos 300 trabalhadores demitidos.
Ontem (2), os empregados votaram a proposta e a rejeitaram por ampla maioria. As negociações estão interrompidas e não há previsão de reunião entre o sindicato e a empresa.
Para o Sindicato dos Metalúrgicos, a manutenção dos empregos nas montadoras é a grande preocupação nesse momento de incertezas no cenário econômico. A assessoria de imprensa da Volkswagen informou que não comentará o assunto.
Em nota, a Mercedes-Benz do Brasil informou que apresentou uma proposta aos metalúrgicos para preservar os empregos na fábrica de São Bernardo do Campo até 2016.
O comunicado destacou que, " entre os principais pontos, o acordo estabelecia a redução de jornada e de salários na fábrica, diante da forte queda de vendas de veículos comerciais no mercado brasileiro, que tem afetado os negócios da empresa. Diante da rejeição dos trabalhadores, a montadora "terá de buscar outras alternativas frente a um excedente de 2 mil pessoas na fábrica".