Com queda nas vendas e na produção, o setor de veículos só deve se recuperar no fim do primeiro semestre de 2016, segundo previsão da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). "Retomada um pouco mais sustentável nós estamos imaginando no fim do segundo trimestre do próximo ano", informou hoje (6) o presidente da entidade, Luiz Moan, durante divulgação do balanço das montadoras.
De acordo com o presidente da Anfavea, as dificuldades enfrentadas pelo governo para aprovar medidas do ajuste fiscal obrigaram os empresários a mudar perspectivas. "Tínhamos uma visão mais otimista, porque consideramos que, no mês de junho, teríamos o ajuste fiscal totalmente concluído", acrescentou.
As vendas de veículos registraram retração de 19,4% no acumulado de 2016. Nos primeiros sete meses do ano passado, foram vendidas 1,6 milhão de unidades, enquanto nos primeiros sete meses de 2015 foram comercializados 1,3 milhão de veículos.
Apesar da queda no acumulado do ano, em julho as vendas de veículos subiram 5,7% na comparação com junho. Segundo o balanço, foram licenciadas 189,9 mil unidades em julho, contra 179,6 mil em junho. Na comparação com o ano passado, o resultado é de queda de 21,6% nas vendas.
Luiz Moan explicou que, para os próximos meses, a tendência é que as vendas se estabilizem no mesmo patamar registrado desde o início de 2015. "Na média dos próximos cinco meses, esperamos que, de agosto a dezembro, tenhamos uma performance igual à média dos primeiros sete meses deste ano", destacou.
Demissões
Com menor produção, deve continuar a redução no número de postos de trabalho das montadoras. "Temos um excedente de pessoal nas fábricas. Neste momento, por exemplo, temos funcionários em lay-off e férias coletivas, o que demonstra claramente esse excedente", afirmou o presidente da Anfavea.
Segundo o levantamento, no último dia 31os fabricantes de veículos haviam concedido férias coletivas ou suspendido o contrato de trabalho por lay-off de 7 mil funcionários. Entre junho e julho, foram fechadas 1,2 mil vagas no setor. Em 12 meses, a retração no número de empregos chegou a 14,5 mil.
Moan adiantou que, para evitar novas dispensas, cada vez mais empresas devem aderir ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE). Com o programa, os trabalhadores têm redução de 15% na jornada de trabalho e nos salários. As remunerações ganham complemento de metade da redução salarial (7,5%), com verba do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Ontem (5), a Rassini Automotive, fábrica de autopeças de São Bernardo do Campo (SP), fechou o primeiro acordo do tipo.
Dólar
A recente alta do dólar também foi avaliada como prejudicial pelo presidente da Anfavea. "A alta do dólar pesa demais nos nossos custos de produção. Não apenas das montadoras, mas em toda a cadeia produtiva. É um fator extremamente negativo."
Apesar dos possíveis efeitos positivos para exportações a médio e longo prazos, Moan disse que o ideal para o setor é o câmbio estável. "O dólar que pode verdadeiramente favorecer as exportações das montadoras é aquele que tem constância, que acompanhe os custos incidentes, sem grandes volatilidades. A volatilidade é ruim no curto, médio e longo prazos."