A nova meta fiscal para este ano só será divulgada no início da próxima semana. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que os dados que serão anunciados na sexta-feira durante o relatório bimestral de receitas e despesas ainda estão muito vinculados à meta atual e que, só no início da próxima semana, ele irá anunciar uma estimativa levando em conta todas as hipóteses atuais. "Vamos revisar e apresentar um número final do início da semana", disse durante entrevista de uma hora a um pequeno grupo de jornalistas.
O governo tem até o dia 30 de maio para realizar a mudança da meta fiscal. Enquanto isso, o novo dirigente da Fazenda tem evitado anunciar números e ressaltou, por diversas vezes durante o encontro, que é preciso ser criterioso com os cálculos para que os números não precisem ser revisados como acontecia em gestões anteriores.
Em menos de uma semana de ministério, Meirelles lembrou que os primeiros números encontrados por sua nova equipe são de um déficit "um pouco maior do que estava previsto". "Não sabemos qual é o número porque não queremos dizer um número que seja depois corrigido. Vamos dizer qual é a realidade e onde estão as dúvidas", afirmou.
Entre os dados que estão sendo revistos pela nova equipe econômica, Meirelles lembrou da arrecadação que o governo terá com a repatriação de recursos de brasileiros no exterior. De acordo com o ministro, neste caso, assim como em outros, existe uma estimativa que está sendo revista.
Na avaliação do novo dirigente da Fazenda, uma revisão de programas sociais, como o presidente em exercício, Michel Temer, afirmou que o governo faria, não é imediata e sim um processo que demanda tempo. "Vamos fazer estimativas o mais realista possível de qual é a realidade", destacou.
CPMF
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ressaltou, mais uma vez, que ainda não tem uma definição sobre a arrecadação com a CPMF. Os recursos com a recriação do tributo estão no orçamento federal, mesmo com a não aprovação, até o momento, do tema pelo Congresso. "Tem que se trabalhar com estimativas. Estimativas têm que ser colocadas com clareza", frisou.
Confiança
Enfrentando já resistências para implementar as reformas necessárias para encarar o rombo das contas públicas, o ministro da Fazenda disse que terá apoio do presidente em exercício Michel Temer e do governo para tomar medidas duras.
"A minha expectativa é que sim. Por isso, estamos aqui", disse ele, ao ser questionado se o governo e a base aliada, que tem dado sinais contraditórios em relação às reformas, responderão com o apoio às medidas.
Em entrevista para um grupo de jornais, Meirelles procurou não mostrar incômodo com a pressão que tem recebido para anúncio imediato de medidas, mas avisou que não tomará medidas precipitadas para satisfazer a ansiedade "de analistas, jornalistas, banqueiros e empresários".
'Reformas já'
Meirelles defendeu "reformas já" e disse que, para que a crise seja revertida, é necessário tomar essas medidas. Ele disse que não há dúvida de que esse será um trabalho difícil. Mas manifestou confiança na trajetória que começou a ser encaminhada pela sua equipe, que, segundo ele, tem trabalhado mais de 14 horas por dia.
"Seria surpreendente se fosse fácil reverter uma trajetória de crescimento da dívida, que enfrenta um problema estrutural", afirmou.
O ministro disse que o avanço das reformas demandará uma "conversa geral" com o presidente Temer e os ministros do governo. Para, a partir daí, ter início uma negociação.
Ele considerou normal em início do governo que existam ainda discussões preliminares.