O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e do Mobiliário de Londrina e Região (Sintracom-Londrina) anunciou ontem a revogação, ocorrida no último dia 12, do segredo de Justiça de processo promovido pela entidade contra a construtora Iguaçu do Brasil e o seu proprietário Carlos Alberto Campos de Oliveira. Com a decisão do juiz da 7ª Vara Federal do Trabalho, Mauro Vasni Paroski, foram revelados os nomes dos sócios de Oliveira na construtora, até então mantidos em segredo.
Tratam-se de Guidimar dos Anjos Guimarães e sua empresa, Guidimar Guimarães Consultoria e Desenvolvimento de Negócios, que foram incluídos na ação no dia 7 de novembro. Eles teriam direito, segundo declaração de Oliveira, a 55% da empresa e o investimento na construtora teria sido de R$ 1,5 milhão. Com correção, o assessor jurídico do Sintracom, Jorge Custódio, estima o valor hoje em R$ 2 milhões.
O sindicato diz acreditar que a revelação dos nomes dos sócios da construtora dá "uma nova perspectiva" aos cerca de 100 trabalhadores que aguardam receber da empresa. A dívida com os trabalhadores chega a quase R$ 1 milhão, afirma o presidente do sindicato, Denilson Pestana da Costa, sendo que 29 trabalhadores ainda precisam comprovar vínculo empregatício, já que trabalhavam sem registro em carteira.
Guidimar Guimarães tem 15 dias para apresentar defesa. Enquanto isso, o sindicato afirma que continuará reunindo provas contra a empresa, e a expectativa é que o sócio revelado se responsabilize solidariamente com a dívida, declara Costa. Ainda não se sabe, entretanto, qual o valor do patrimônio do sócio da Iguaçu do Brasil. "O que se sabe é que ele tem grande investimento na cidade e possibilidade de honrar com a dívida." Ontem, a reportagem não conseguiu contato com o empresário.
O pedreiro Agnaldo Reis Carvalho trabalhou um ano e três meses para a construtora e ficou mais de dois meses sem registro em carteira. No percurso para o obra, sofreu um acidente de moto e está até hoje sem poder trabalhar. "Espero que acertem com a gente. Minha mulher tem lúpus, a gente sofre muito. A família é grande, são seis pessoas em casa e a gente precisa de dinheiro." Segundo ele, a empresa lhe deve R$ 12 mil. Carvalho diz que nunca desconfiou da idoneidade da construtora, já que os salários eram pagos pontualmente. Valdemar da Silva, também pedreiro, tem a expectativa de que a situação se resolva logo. "A gente conta com o dinheiro de fim de ano."
Clientes
Eduardo Tomasetti, representante dos clientes lesados pela construtora, afirma que, apesar de estar no âmbito trabalhista, a decisão também representa uma "luz no fim de túnel" para aqueles que aguardam ser ressarcidos do prejuízo ao comprarem imóveis da construtora.