O número de londrinenses com dívidas aumentou no trimestre compreendido entre dezembro de 2016 e fevereiro deste ano, em comparação com o percentual de endividados no trimestre imediatamente anterior. A constatação está na Pesquisa de Comprometimento de Renda e Inadimplência de Londrina, elaborada pela empresa júnior do curso de Engenharia de Produção da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
De acordo com o levantamento, 68,2% dos londrinenses têm a renda comprometida com cartão de crédito, cheque especial, empréstimo consignado ou financiamento. No levantamento anterior, feito entre setembro e novembro de 2016, o percentual era de 64,4%.
Dentre os entrevistados com algum tipo de comprometimento de renda, 30,9% têm alguma dívida ou conta em atraso e 9,8% não terão condições de pagar, integral ou parcialmente, suas dívidas.
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O percentual londrinense é semelhante ao endividamento verificado em escala nacional pela Confederação Nacional do Comércio, que é replicado nos Estados pelas federações de comércio. "Nós usamos a mesma metodologia para podermos comparar os resultados", explica o coordenador da pesquisa na UTFPR, o professor de economia Marcos Rambalducci.
Em âmbito nacional, 56,2% dos brasileiros têm algum tipo de comprometimento de renda, 23% tem dívidas em atraso e 9,8% admitem que não terão como arcar com estes débitos. O resultado nacional e local são bem diferentes, entretanto, do levantamento da Federação do Comércio (Fecomércio) do Paraná, segundo a qual 87% dos entrevistados admitem comprometimento da renda, 27,6% têm dívidas em atraso e 12,3% dizem que não terão como arcar com suas responsabilidades financeiras. "A pesquisa da Fecomércio é centrada somente da Região Metropolitana de Curitiba (RMC). É importante fazer uma pesquisa local porque nossas peculiaridades são bem diferentes", afirma Rambalducci.
Para o professor de economia, o avanço de londrinenses com comprometimento de renda e com dívidas que não poderão ser quitadas é consequência da crise, que afetou de sobremaneira a região, que sobrevive de comércio e serviços. "Note que o setor de comércio teve um grane volume de demissões em Londrina, conforme os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged)", diz.
A realidade é diferente da encontrada em Curitiba, onde há um grande número de servidores públicos das esferas municipal, estadual e federal. Para o professor de economia, a estabilidade propiciada pelo setor estatal deixa o consumidor mais seguro para assumir endividamentos.
Fim da conversa no bate-papo