Num discurso de defesa da soberania nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quarta-feira, 8, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, o descontrole da inflação e ainda a dependência externa de governantes passados. "Podemos ser muito mais. Houve tempo em que fomos governados por pessoas com inteligências colonizadas e tudo dependia dos Estados Unidos, da Europa" disse, sem citar nomes, durante a inauguração de um armazém da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Lula afirmou que a estocagem de alimentos assegura essa soberania e auxilia no controle dos preços. "Quando a inflação estava alta, eu ia ao Makro (atacadista) porque naquela época não havia tantas redes de supermercados, e comprava óleo para três meses; como a inflação comia o meu dinheiro, eu enchia a minha pia de óleo", disse. Além do controle de inflação, com a venda de alimentos estocados pelo governo, Lula avaliou que a estocagem é importante em "situações adversas", como guerras.
Após as críticas às interferências externas, o presidente lembrou que o Brasil ganhou dois contenciosos, do algodão, contra os EU, e do açúcar, contra a União Europeia (UE), na Organização Mundial do Comércio (OMC). Lula até amenizou as críticas, com a defesa de parcerias comerciais com outros países, mas voltou a subir o tom ao retomar o discurso de soberania nacional.
"O Brasil respeita os Estados Unidos, a Europa, mas somos donos do nosso nariz. Elefante é daquele tamanho, a tromba vale dez ratos, mas coloca ratinho ao lado dele que ele se borra", comparou. "Respeitamos os americanos, queremos que sejam parceiros, mas queremos respeito", reafirmou. Lula reafirmou ainda o discurso de aumento de investimentos durante a gestão, tanto na área agrícola como na economia.
Capacidade - Afirmou que a capacidade de armazenamento de grãos brasileira subiu de 90 milhões para 135 milhões de toneladas e citou, novamente, a alta no financiamento por meio de instituições públicas. "Hoje, o Banco do Brasil (BB) concede mais crédito que todo o Brasil concedia em 2003, a Caixa, só em habitação, cresceu de R$ 5 bilhões para mais de R$ 60 bilhões e o total do Brasil atingiu R$ 1,6 trilhão", concluiu Lula. Apesar do clima político, com a participação de vários militantes do PT e de partidos aliados à administração federal, Lula não falou sobre eleições e sequer deu entrevista ao deixar o armazém da Conab.