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Lixo doméstico pode ser usado para gerar energia

10 set 2009 às 09:51

A iniciativa de se gerar energia a partir do aproveitamento do lixo doméstico está mais próxima de virar realidade no Brasil. Segundo executivos de empresas e entidades que compõem a cadeia do plástico, o tema ganhou força nos últimos meses, com a discussão sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos, e poderá ter resultados práticos ainda no começo de 2010. A tecnologia, existente na América do Norte, Europa e Ásia, é baseada na utilização do lixo e no poder calorífico das sacolas plásticas e já está em análise por companhias como a Petrobras e as petroquímicas Braskem e Quattor.

Diante do apelo socioambiental da proposta de geração energética a partir de produtos desperdiçados pela população, o tema é tratado como o futuro da cadeia do plástico. Em suma, a construção de usinas abastecidas por lixo doméstico poderia colocar fim à polêmica sobre os efeitos do uso das sacolas plásticas para o meio ambiente. A contrapartida é o alto custo de construção de uma unidade que atenda demandas em larga escala. Segundo estimativas da Braskem, uma usina com capacidade para abastecer 1 milhão de pessoas demandaria investimentos de aproximadamente US$ 250 milhões.


A petroquímica nacional é uma das companhias do setor envolvidas no projeto de tornar o investimento viável. "Estamos analisando alternativas tecnológicas para a solução energética (do uso do lixo e das sacolas plásticas), que não pelo tradicional sistema de queima", revelou o diretor de Desenvolvimento Sustentável da Braskem, Jorge Soto, sem dar mais detalhes sobre o tema. Entre as opções analisadas estão as tecnologias aplicadas em grandes projetos localizados no Japão, nos Estados Unidos e em países europeus, assim como novas tecnologias em análises nessas regiões.


O poder calorífico da sacola plástica, segundo o presidente da Plastivida, Francisco de Assis Esmeraldo, é equivalente ao do óleo diesel. Por isso, descobrir uma rota que torne o investimento viável poderia revolucionar a destinação do plástico e a geração de energia no País. "Estudos mostram que uma cidade de 180 mil habitantes gera lixo capaz de produzir energia para aproximadamente 56 mil habitantes", afirmou o executivo, durante evento no qual apresentou campanha publicitária assinada pela agência W/ e que terá como foco mostrar à população a importância do uso consciente das sacolas plásticas.


Para viabilizar o projeto de geração de energia a partir do lixo, a Plastivida assinou no início do mês passado um acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza e Resíduos Especiais (Abrelpe) para promover a reciclagem energética dos resíduos sólidos no Brasil. Ao mesmo tempo, intensificou as conversações com parlamentares para incluir o tema na Política Nacional de Resíduos Sólidos.


Enquanto aguarda o avanço das conversações em esfera nacional, a Plastivida vê com bons olhos o interesse do Estado de São Paulo na iniciativa. "Incluímos a reciclagem energética na lei estadual de resíduos sólidos e, há um mês, em evento na Fiesp, ouvi da secretária Dilma Pena que São Paulo vai investir na instalação de usinas de reciclagem", afirmou Assis, referindo-se a um discurso da secretária de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo em encontro no Conselho Superior de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.


Ao contrário do Brasil, que ainda analisa a viabilidade da construção da primeira usina de reciclagem em larga escala, outros países como Japão e Alemanha têm parte significativa do lixo destinado à geração energética. Segundo levantamento da Plastivida há mais de 850 usinas de reciclagem energética ao redor do mundo. No Brasil a única unidade - ainda em escala piloto - a apresentar números significativos é a Usinaverde, um projeto instalado no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha do Fundão.

De acordo com Soto, da Braskem, em países onde o sistema de reciclagem do plástico é mais desenvolvido, é possível que aproximadamente 30% do plástico gerado seja aproveitado em iniciativas de reciclagem mecânica. Para ampliar o porcentual de reutilização, a alternativa existente é a produção de energia, como já acontece no Japão, onde aproximadamente 80% do lixo é tratado dessa maneira, ressaltou Assis, da Plastivida.


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