A Klabin, maior produtora e exportadora de papéis do Brasil, deverá abrir mais uma fábrica no Paraná. O local ainda não foi definido, mas a previsão é de que o empreeendimento esteja em funcionamento em meados da próxima década. Também não há nenhuma expectativa de investimentos ou volume de produção, porém o diretor-geral da Klabin, Reinoldo Poernbacher, revelou que a decisão de implantar mais uma unidade no Estado se deve ao fato da empresa ter grandes bases de florestas na região - que ainda oferece alto potencial de produção de madeira - e pelo local ser conhecido.
A Klabin conta atualmente com 17 unidades no País, sendo que a principal delas está localizada no Estado, em Telêmaco Borba (128 km ao norte de Ponta Grossa). No geral, a indústria tem capacidade instalada para produzir perto de dois milhões de toneladas de papel por ano.
Porém, antes de dar início a novos investimentos, a Klabin precisa desalavancar, como adiantou Poernbacher no início dessa semana em São Paulo, durante evento para a imprensa. Esse ano, com o fantasma da crise econômica mundial assombrando empresas de todo o setor, a Klabin precisou segurar alguns investimentos, reduzir e remanejar a produção, interromper o funcionamento de algumas máquinas e diminuir os projetos de plantio de árvores no Paraná e em Santa Catarina, entre outras medidas.
''Nossas ações foram para preservar nossa liquidez; a falta dela pode destruir empresas sólidas'', pontuou o diretor-geral da empresa, destacando que quando a crise mundial eclodiu, parecia algo muito tenebroso - e foi -, por isso a empresa teve que pensar em medidas estratégicas para sobreviver a essa 'tsunami' econômica. ''O barco não afundou. Mas foi preciso proteger nossos investimentos vitais'', declarou Poernbacher, para mais à frente afirmar que em 2010 todo os movimentos da Klabin, no sentido de investimentos, serão realizados com muita cautela.
Em 2008, a empresa fechou com uma receita líquida pouco maior de R$ 3 bilhões. Para 2009 ainda não há previsão, mas é provável que não haja crescimento. Para 2010, os investimentos previstos da empresa estão na ordem de R$ 350 milhões. Porém, também não há como prever se os negócios da Klabin registrarão crescimento no próximo ano.
Do volume de recursos para o próximo ano, R$ 100 milhões deverão ser aplicados no plantio de florestas, o qual foi reduzido em 2009. Na área florestal, só para ser ter uma ideia, a indústria tem uma área plantada de 216 mil hectares, a maior parte no Paraná. Em 2008, foram plantados cerca de 20 mil hectares de eucaliptos e pinus. Em 2009, foram apenas 6 mil hectares instalados. Para 2010, entretanto, a previsão é plantar 17 mil hectares.
Papel cartão 'salvou' a Klabin
O que segurou os negócios da Klabin, desde o final de 2008 até agora, foi a venda de papel cartão - aquele destinado para a confecção de embalagens para produtos congelados, por exemplo. Só para se ter uma ideia, o acumulado de janeiro a outubro deste ano soma crescimento de 23% em relação ao mesmo período do ano passado no mercado interno. Foram comercializadas 100 mil toneladas de papel cartão contra 67 mil toneladas, respectivamente. A expectativa é de fechar o ano com crescimento em torno de 23,5%, afirma Edgard Avezum, diretor comercial de cartões da Klabin.
Nos Estados Unidos o crescimento foi de 85% e na Europa, de 60%. Ao todo, entre janeiro e outubro de 2008, foram comercializadas 50 mil toneladas. Já este ano, até outubro, o volume totaliza 87 mil toneladas. O resultado é consequência da mudança de comportamento de consumo gerada pela crise. Segundo Avezum, as pessoas deixaram de comer fora e passaram a comprar mais alimentos congelados, que são embalados com papel cartão. ''Foi um fenômeno mundial: comer em casa passando pelo supermercado, logo, pelo consumo de embalagens'', disse.
Para 2010, Avezum acredita que o cenário para o segmento continuará em alta. Para a empresa, o crescimento deverá ser de 6%, igual ao do setor no Brasil. Apesar da Klabin estar registrando bons negócios com papel cartão, a indústria brasileira do setor está mais retraída. Até agosto, foi registrada queda de 6% na comercialização de papel cartão. Já em setembro e outubro as vendas foram recordes, então é possível que a indústria brasileira feche sem lucro ou prejuízo.
* A jornalista viajou a convite da Klabin.