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Investimento em expansão do varejo cai e 2016 pode ser ainda pior

20 mar 2016 às 16:47

Depois de um ano de freada nos investimentos, o varejo tende a manter os planos de aberturas de novas lojas estagnados. A maior parte das grandes redes abandonou o curso das inaugurações, que vinham se acelerando, pelo menos, desde 2010. Para 2016, o cenário tende a continuar fraco e, em alguns casos, as perspectivas são ainda mais conservadoras do que as do ano passado.

"Dada a expectativa de que 2016 e 2017 ainda sejam muito ruins para as vendas, o varejo precisa fazer essa parada, o volume de lojas novas esse ano vai ser pequeno", diz Ana Paula Tozzi, CEO da GS&AGR Consultores. Ela lembra que as redes acabam abrindo alguns poucos pontos de venda ao enxergar oportunidades de entrar em regiões de interesse, mas, ao mesmo tempo, seguem revendo operações e fechando lojas abertas durante períodos mais otimistas da economia e que ainda não dão lucro.


Entre as companhias de varejo de moda, a mudança de curso foi notável. Dados das divulgações de resultado de Cia. Hering, Marisa, Riachuelo e Arezzo&Co mostram que elas tiveram o pior período para o crescimento da base de lojas em cerca de cinco anos. Pela frente, as expectativas ainda são fracas.


No caso da Cia. Hering, foram 15 lojas de saldo positivo entre aberturas e fechamentos em 2015, ante uma média de mais de 80 adições líquidas por ano no passado. O mercado espera ainda que a companhia não tenha nenhuma adição líquida de ponto de venda em 2016. A Marisa Lojas, por sua vez, encerrou 2015 com 7 lojas a menos que no ano anterior e também não tem novas inaugurações como foco este ano. Na Riachuelo, que encerrou com 28 lojas de saldo no ano passado, serão 15 aberturas este ano.


O varejo de eletroeletrônicos é outro segmento bastante afetado e que deve continuar reduzindo investimentos. Em 2015, Casas Bahia e Pontofrio, da Via Varejo, perderam 23 lojas no saldo entre aberturas e fechamentos e, para 2016, não deve haver nenhuma inauguração. O Magazine Luiza ganhou 30 lojas, mas essa alta só se justificou porque a companhia tinha contratado os pontos de venda desde o início do ano passado. Embora a empresa não divulgue guidance para 2016, a expectativa do mercado também é de que não haja nenhuma abertura líquida, conforme projetou em relatório recente o BTG Pactual.


A freada atinge até mesmo redes de lojas cujas vendas sofrem menos na crise, caso da Lojas Americanas. A companhia teve 89 aberturas líquidas, ante uma média de mais de 100 nos três anos anteriores. Embora a previsão oficial seja de 140 inaugurações em 2016, os analistas questionam se o ambiente macroeconômico difícil não poderia impedir a realização dessa meta. "Lojas Americanas não ficou imune ao ambiente macroeconômico desafiador, o qual forçou uma desaceleração relevante nas aberturas de loja em 2015, potencialmente arriscando o crescimento nos próximos anos", afirmou Marcel Moraes, do Deutsche Bank, em relatório.


Shoppings


Sem o apetite dos lojistas para novas aberturas, os shoppings também seguram investimentos e postergam novos empreendimentos. A Multiplan conta com o projeto pronto do ParkShopping Jacarepaguá, com obras iniciais já começadas, mas está segurando o lançamento do empreendimento ao mercado. O cenário nacional atual inibe muito o investimento e a tomada de posição de varejistas importantes, explicou o diretor presidente, José Isaac Peres.


Pela falta de clareza do cenário econômico, a BRMalls deixou de fornecer uma data estimada para inauguração de duas expansões, que antes eram previstas para 2018 e 2019. Já a Sonae Sierra Brasil diz estar se preparando para investir em "oportunidades estratégicas", mas continua alocando capital em aplicações financeiras de curto prazo e baixo risco.

Para Julio Takano, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos e Serviços para o Varejo (Abiesv), a crise atual encerra um ciclo de dez anos de expansão mais acelerada do varejo. "Vivemos anos em que muita gente abria mais de 50 lojas por ano e acredito que, em muitos casos, havia mais lojas do que a capacidade do mercado de absorver", diz. "É um ajuste necessário", acrescenta. Os fornecedores dos equipamentos de loja tiveram em 2015 uma retração de 3,5% no faturamento e esperam estagnação em 2016.


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