A indústria de transformação brasileira perdeu 164 mil empregos em 2014, o que significa uma queda de 2% no estoque de vagas formais ante 2013.
Foi a primeira vez, nos últimos 13 anos, que as demissões no setor superaram as admissões. Os dados são da pesquisa "A importância da indústria de transformação na ótica do emprego", do Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com base em números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Com o resultado do ano passado, o levantamento mostra que a indústria de transformação foi o setor que mais perdeu participação no emprego entre 2002 e 2013, com uma queda de 3,1 pontos porcentuais (pp) no período. Em seguida aparecem a agropecuária (-1,6 pp) e intermediação financeira (-0,5 pp). Apesar disso, a indústria continua como segundo setor da economia com maior número de empregos formais e aquele com maior massa salarial (desconsiderando a administração pública).
"Desde a crise financeira internacional, o crescimento do estoque de emprego da indústria da transformação brasileira tem experimentado acentuada desaceleração, como consequência da perda de competitividade do setor industrial", afirma o estudo, destacando que, mesmo em 2009, ano da crise mundial, houve geração líquida de empregos pelo setor. A pesquisa ressalta que, ao mesmo tempo em que o emprego diminui, a produção física do setor está "estagnada" desde 2010, "e não se observa uma tendência firme de recuperação".
"Se permanecer a média de produção de janeiro a novembro de 2014, haverá uma queda da produção física da indústria de transformação de 3,1% em relação a 2013", prevê o levantamento. O estudo afirma que o dinamismo do consumo entre 2003 e 2013, quando as vendas do comércio cresceram 118%, não foi acompanhado pela produção física do setor, que aumentou 27% no período. De acordo com a pesquisa, o crescimento do consumo interno "foi suprido primordialmente por produtos importados".