Balanço divulgado pelo Sindicato da Construção Civil (Sinduscon) nesta quinta-feira (22) aponta inadimplência por parte dos empresários londrinenses na hora de se conseguir o Habite-se, a licença concedida à obra que, na teoria, obedece todas as normais legais, estruturais e ambientais estabelecidas pela Prefeitura de Londrina.
Neste ano, até agora, apenas 400 mil metros quadrados dos quase 1,8 milhão m² de construção autorizados pelo poder público têm a autorização. Em todo o ano passado, apenas 27% de 1,1 milhão de metros quadrados de obras feitas na cidade tiveram o Habite-se. Na avaliação do presidente do Sinduscon, Gerson Guariente, o empresário prefere passar por cima da licença para, segundo ele, agilizar a conclusão das obras e economizar no pagamento de impostos municipais. "Fazendo isso, ele prejudica diretamente a empresa que segue à lei e, indiretamente, todo o setor produtivo", destacou.
O secretário municipal de Obras, Osamu Kaminagakura, admitiu que o município não possui estrutura e pessoal suficientes para atender toda a demanda da cidade. "Falta fiscalização por causa disso. Só vamos conseguir otimizar o trabalho caso consigamos algum tipo de parceria ou mais investimentos por parte do próprio poder público", argumentou. Guariente colocou o Sinduscon à disposição e lembrou que, neste ano, o sindicato chegou a apresenta um projeto de geoprocessamento ao município, para a otimização do trabalho realizado. "No entanto, percebemos que os computadores da Secretaria de Obras não suportam a iniciativa, que, na prática, precisaria de tecnologia avançada e comunicação via satélite", lamentou.
De acordo com a pesquisa do Sinduscon, a falta de mão de obra qualificada também prejudica o setor. Entre 2010 e 2012, mais de 30 mil operários foram contratados para trabalhar nos diversos empreendimentos construídos em Londrina. Até setembro deste ano, já foram registradas quase 10 mil contratações. Mas não é o suficiente. Tanto é que, segundo Guariente, as empresas precisam procurar profissionais em outros estados para suprir a demanda. "No caso do shopping do Marco Zero, por exemplo, são mais de 800 funcionários de fora", disse.
O presidente do Sinduscon defendeu capacitação e mudanças na metodologia de trabalho. "Precisamos de mais treinamentos, apoio do poder público e cursos profissionalizantes. Os empresários precisam ir para fora ver o exemplo de outros países. Só assim vamos conseguir capacitar os nossos colaboradores", ressaltou.
Apesar dos problemas, o setor da construção civil está aquecido e deve continuar pelos próximos 15 anos. Segundo previsão do Sinduscon, a área deve crescer de 6% a 7% ao ano até 2027.