A Grã-Bretanha estaria em vias de endurecer as regras de concessão de vistos para brasileiros, segundo informações publicadas na edição desta terça-feira do jornal Financial Times.
De acordo com o diário, a ministra do Interior britânica, Theresa May, deve propor nesta terça-feira um fim ao acordo atualmente em vigor que permite a brasileiros permanecer até seis meses na Grã-Bretanha sem visto.
O Financial Times afirma que o plano de May põe a Grã-Bretanha na contramão de medidas adotadas por outros países, como os Estados Unidos e a Austrália, que estariam afrouxando restrições de vistos a brasileiros a fim de estimular o turismo e os negócios.
Segundo o jornal, May quer coibir a entrada de imigrantes ilegais brasileiros na Grã-Bretanha, mas a proposta da ministra do Interior contaria com a oposição de outros ministros do governo, que temem que, se adotada, ela poderia abalar as relações britânicas com o Brasil, que vinha sendo visto pelo premiê David Cameron como país-chave em termos de relações comerciais com a Grã-Bretanha.
Entre os que se opõem à possível medida estariam o ministro de Relações Exteriores britânico, William Hague, e o ministro das Finanças, George Osborne.
Outra fonte entrevistada pelo diário afirmou que May peca por uma postura ''mão pesada'' pela imposição de vistos e que ela mostrou ''não entender'' a repercussão para o comércio com as nações do bloco Brics (formado pela Rússia, Índia, China e África do Sul).
O ministério do Interior também vinha sendo criticado pelos complicado processo de obtenção de vistos por turistas chineses.
O jornal diz que dados de 2011 do Ministério do Interior colocam o Brasil no quinto lugar da lista dos dez países que mais oferecem imigrantes ilegais para a Grã-Bretanha; cerca de 2 mil brasileiros são extraditados da Grã-Bretanha anualmente.
Robert Halfon, líder conservador do grupo suprapartidário Commons Brazil, que visa firmar laços entre parlamentares britânicos e congressistas brasileiros e discutir temas de interesse mútuo, afirmou ao Financial Times que a medida seria ''um grande passo para trás’'', que provocaria o antagonismo de um país que está se tornando ''uma das mais importantes nações do mundo''.
Tanto o primeiro-ministro David Cameron como o vice-primeiro-ministro Nick Clegg já visitaram o Brasil. No ano passado, durante sua visita ao Rio e a São Paulo, Cameron estava acompanhado de 58 empresários.
''Não adianta o primeiro-ministro excursionar pelo mundo dizendo 'A Grã-Bretanha está aberta para negócios, vocês são bem-vindos aqui’, se seus ministros estão minando-o em todas as suas ações e tornando a mais difícil para que turistas de negócios venham aqui. É absolutamente vital manter a porta aberta para o Brasil e não fazer algo que desestimule o comércio entre os dois países'', afirmou Halfon.