Os combustíveis estão pesando no bolso do consumidor e podem ficar mais caros na próxima semana. A partir de 1º de fevereiro, será diminuído o percentual de álcool na gasolina de 25% para 20% por determinação do governo federal. Com isso, a previsão do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Derivados de Petróleo (Sindicombustíveis-PR) é que a gasolina suba cerca de 4% o que significaria de R$ 0,07 a R$ 0,08 a mais por litro.
''Pedimos que o governo reduza a Cide (imposto) sobre a gasolina'', disse o presidente do sindicato, Roberto Fregonese. Ele acredita que essa medida poderia baratear o preço desse combustível para o consumidor final. De acordo com levantamento semanal de preços realizado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), o preço médio da gasolina em Curitiba é de R$ 2,55 e varia de R$ 2,39 a R$ 2,59. Em Londrina, o valor médio do litro do produto é R$ 2,56, mas o consumidor encontra nas bombas preços que variam de R$ 2,39 a R$ 2,69.
Apesar do custo alto da gasolina, no momento ainda é mais vantajosa que o álcool. Em Curitiba, o álcool já é vendido a quase R$ 2,00 o litro, tem preço médio de R$ 1,90 e varia de R$ 1,75 a R$ 1,99. No final do ano passado, custava, em média, R$ 1,70. Entre 27 de dezembro de 2009 e a semana passada, o produto saltou de R$ 1,48 para R$ 1,71 nas distribuidoras. Em Londrina, o preço médio é de R$ 1,89 e varia de R$ 1,69 a R$ 1,99.
Fregonese explicou que para valer a pena abastecer com álcool, este produto deve custar até 70% do valor da gasolina. Para chegar a esse resultado basta pegar o valor da gasolina multiplicar por 70 e dividir por 100. O álcool não poderá custar mais do que o resultado obtido nesta operação.
O principal motivo para a alta do preço do álcool é a escassez do produto no mercado devido à entressafra. Segundo ele, há três meses, do total de combustível vendido nos postos, 60% era de álcool e 40% de gasolina. Atualmente, a proporção é de 70% a favor da gasolina e apenas 30% para o álcool. O presidente do Sindicombustíveis destacou que já se cogita importar álcool de milho dos Estados Unidos. A safra brasileira de cana-de-açúcar deve entrar só na segunda quinzena de março.
O proprietário do Posto Capanema em Curitiba e diretor de relações com o mercado do Sindicombustíveis-PR, Marcos Scripes, disse que os postos, de maneira geral, tiveram uma queda de 10% a 15% nas vendas de combustíveis por conta dos preços caros.
Hoje o álcool sai a R$ 1,20 das usinas do Paraná (valor sem impostos). O presidente da Associação dos Produtores de Bioenergia do Paraná (Alcopar), Anísio Tormena, disse que as principais explicações para o aumento do preço do álcool são o excesso de chuvas que impediram o processamento da safra de cana e o aumento do consumo do álcool no País de 1,5 bilhão de litros em 2008 para 2 bilhões de litros no ano passado. Isso ocorreu devido ao incentivo para a compra de automóveis com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados e o aumento dos prazos de financiamento.
Só no Paraná, 10 milhões de toneladas de cana estão na lavoura sem moer por conta dos problemas climáticos. Ele acredita que os preços devem começar a normalizar a partir de meados de março com a entrada da nova safra que deve ser de 60 milhões de toneladas de cana no Estado contra 44 milhões em 2009.
O consumidor Fabiano da Silva trocou o álcool pela gasolina. ''Gastaria de R$ 30 a R$ 40 a mais para encher o tanque se utilizasse álcool'', disse. No entanto, ele também considera caro o preço atual da gasolina. O microempresário Adriano Saldanha ainda abastece o carro com álcool apesar do preço elevado do produto. Ele gasta cerca de R$ 100 por semana com combustível. Antes do aumento do álcool desembolsava R$ 60 para encher o tanque e hoje gasta R$ 80.