A economia brasileira chegou ao fundo do poço em outubro e voltou a crescer em novembro e dezembro. A afirmação é do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Em entrevista exclusiva ao Grupo Estado, Mantega garantiu que "não há nenhum risco" de o País registrar neste ano a chamada recessão técnica, caracterizada por dois trimestres seguidos de queda do Produto Interno Bruto (PIB).
No terceiro trimestre, o PIB ficou estável em relação ao segundo, mas tanto a indústria quanto o setor de serviços apresentaram recuo. O ministro reconheceu que a expansão deste ano - estimada pelo mercado em cerca de 3% - ficará abaixo da meta do governo, de 4% a 5%.
No entanto, disse ele, o crescimento ficaria próximo de 4% se a crise externa não tivesse se agravado tanto. "É um número excelente para primeiro ano de governo, quando sempre há um ajuste."
Para 2012, ele projeta uma alta do PIB entre 4% e 5%. O nível exato vai depender justamente da evolução da crise. Segundo Mantega, o País tem alguns fatores para garantir pelo menos 4% de expansão em 2012. Um deles é a taxa de câmbio mais "competitiva" para a indústria.
A esse respeito, aliás, o ministro é claríssimo. "Nós não vamos permitir que o câmbio se valorize como vinha se valorizando", afirmou. "Não vamos deixar o dólar (se aproximar de novo de R$ 1,60)."
Os outros fatores que, segundo ele, permitem apostar em um crescimento do PIB superior ao deste ano são a redução da taxa básica de juros (Selic), a reversão das medidas prudenciais para estimular o crédito, o aumento do salário mínimo e investimentos, como o Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2) e o programa Minha Casa, Minha Vida.
Inflação - Mantega disse que a inflação não preocupa e garantiu que o governo nunca deixará de lado o cumprimento da meta anual de 4,5%. Para 2012, ele não se arrisca a dizer se o índice oficial vai convergir para esse nível.
"O Banco Central é quem decide qual o período de convergência para a meta", afirmou. Mas ele lembrou que "o risco da inflação está muito mais moderado". "É por isso que estamos fazendo uma política (monetária) mais expansionista."
O ministro disse que o processo de expansão do País continuará marcado por expressiva geração de empregos e melhoria dos indicadores sociais. Mantega destacou que tem em mãos "a caneta", que ficou "mais grossa em cima da mesa" desde que ele assumiu o cargo, em 2006.
Apesar da redução da velocidade da arrecadação em novembro, o ministro da Fazenda ressaltou que a receita do governo continuará firme e vai permitir o cumprimento da meta de superávit primário cheio (3,1% do PIB) em 2012. "É claro que vamos cumprir", afirmou.