No primeiro dia do Fórum Econômico Mundial, o clima frio dos Alpes suíços contrasta com o calor dos debates sobre os principais desafios globais. Questões como o conflito no Leste da Ucrânia, a falta de recursos para combate ao ebola, a estagnação econômica da zona do euro e a urgência das mudanças climáticas fizeram parte da agenda na abertura do encontro em Davos.
Mais de 2,5 mil líderes políticos, homens de negócios, cientistas e formadores de opinião participam da 45ª edição do fórum, entre eles, alguns dos mais ricos do mundo. Nos quatro dias do evento, que termina sábado (24), além do crescimento econômico, outra questão considerada prioritária é a redução da desigualdade, que afeta inclusive nações mais prósperas. Relatório da organização não governamental (ONG) britânica Oxfam, divulgado na véspera do evento, mostrou que, até o ano que vem, os 1% mais ricos do mundo terão mais posses que os outros 99% juntos.
Nos debates de hoje (21), líderes políticos de vários países abordaram o desafio do crescimento econômico. O premiê chinês, Li Keqiang, acredita que a China continuará sofrendo pressões este ano, mas assegurou que o governo está trabalhando em reformas estruturais para evitar a desaceleração da economia. Já o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, acha que a Europa precisa focar suas políticas na indução do crescimento, e não na austeridade e no controle da economia. "O futuro é hoje, não amanhã. Quero que a Itália seja um laboratório de inovação, não um museu", disse ele.
O cenário, para muitos executivos, não é de otimismo. Levantamento feito com cerca de 1.300 homens de negócios de 77 países, pela consultoria PwC (sigla em inglês da PricewaterhouseCoopers), mostra que apenas 37% deles acham que a economia vai melhorar - 7% a menos que no ano passado. A pesquisa, divulgada na abertura do Fórum Econômico Mundial, mostra também que o interesse dos investidores pelo Brasil continua em queda - baixou de 15%, em 2013, para 12%, em 2014, e está em 10%.
Este ano, há expectativa de que temas como o terrorismo e os conflitos geopolíticos e religiosos, que marcam o atual contexto mundial, tomem parte significativa nos debates. Hoje, o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, teve que deixar o evento antes do esperado, por causa do agravamento dos conflitos entre o Exército ucraniano e forças separatistas no Leste do país. Antes de deixar Davos, porém, ele fez um discurso pedindo que a Rússia retire suas tropas do território ucraniano e pare de apoiar grupos rebeldes, cumprindo o Acordo de Minsk, assinado em setembro do ano passado.
Nas mudanças climáticas, o destaque desta quarta-feira foi para o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore, que acompanhado pelo rapper norte-americano Pharrell Williams, anunciou mais uma edição do concerto musical Live Earth (a última foi em 2007) no dia 18 de junho, em seis cidades: Paris, Nova York, Rio de Janeiro, Pequim, Sydney e Cidade do Cabo, com uma edição especial na Antártida.
O objetivo é elevar a urgente questão das mudanças climáticas para o topo da agenda mundial, às vésperas da 21ª Conferência do Clima, em Paris, no mês de dezembro. "Queremos ter 1 bilhão de vozes e uma só mensagem. Queremos ação climática agora", disse Al Gore.