O Fundo Monetário Internacional (FMI) deve descer o tom das críticas em relação à moeda chinesa, o yuan, e declarar que seu valor é justo pela primeira vez em mais de uma década.
A nova avaliação da entidade, que durante muito tempo criticou a manipulação cambial por parte das autoridades do país, deve constar nos próximos relatórios sobre a economia chinesa, que serão publicados nos próximos meses. Ela pode significar uma vitória para o Partido Comunista, que nos últimos tempos tem lutado para ganhar mais projeção internacional e internacionalizar sua moeda.
Entre as iniciativas chinesas, está a criação do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB, na sigla em inglês), um potencial rival do Banco Mundial, e o pedido de Pequim para que o FMI inclua o yuan dentro da sua cesta de moedas de reserva. Hoje, apenas o dólar norte-americano, o euro, o iene japonês e a libra esterlina são usadas no sistema de Direitos Especiais de Saque (SDR, na sigla em inglês).
Se confirmada, a nova posição do FMI em relação ao yuan prejudica a pressão feita por autoridades norte-americanas sobre a forma como Pequim conduz sua política cambial. O governo de Barack Obama tem dito que o yuan continua "significativamente desvalorizado", o que dá às companhias chinesas uma vantagem competitiva indevida.
"O FMI pode puxar o tapete debaixo dos Estados Unidos nesta questão", disse Eswar Prasad, economista da Universidade de Cornell que já trabalhou no Fundo Monetário. "Os EUA se apoiavam no que acreditavam ser uma posição objetiva do FMI para fazer suas críticas."
Tanto a Casa Branca como o Congresso norte-americano sustentam há tempos que o dinamismo da economia chinesa distorcem a economia global e retira empregos e crescimento dos EUA. Agora, após uma década em que o yuan se valorizou mais de 30% ante uma cesta de moedas, autoridades do FMI dizem que a cotação da divisa chinesa está praticamente correta.
"Estamos agora chegando a um ponto em que não há mais depreciação", disse no mês passado Markus Rodlauer, vice-diretor do Departamento de Ásia do FMI.
O Fundo Monetário, no entanto, deve fazer uso de seu estilo tipicamente cauteloso e diplomático para caracterizar sua nova visão sobre a moeda chinesa, provavelmente evitando o termo "cotação justa". Rodlauer, por exemplo, disse no mês passado que o yuan está "se movendo em direção ao equilíbrio".
A cautela também deixa espaço para a entidade voltar atrás em sua avaliação caso autoridades chinesas decidam por uma nova rodada de depreciação cambial, algo que não é descartado por analistas. O crescimento econômico da China desacelerou para 7,4% em 2014, o menor nível desde 1990, e o Banco Mundial acredita que este ano o Produto Interno Bruto vai desacelerar para 7,1%. Fonte: Dow Jones Newswires.