O Uber, aplicativo de transporte baseado no conceito de 'carona compartilhada', começa a funcionar em Londrina a partir das 14h desta sexta-feira (19). A cidade será a 17ª do Brasil a contar com o serviço. A oferta será somente para a categoria X, que é a mais simples e acessível ao consumidor. A expectativa, de acordo com o diretor de comunicação do aplicativo, Fábio Sabba, é que o tempo de espera para os usuários seja de 5 minutos.
Criado em 2010 em São Francisco, nos Estados Unidos, o Uber está presente em mais de 500 metrópoles do mundo, mas gera polêmica em muitas cidades do Brasil. Por aqui, é oferecido em 15 capitais e em Campinas.
De acordo com o gerente do Uber, Pedro Prochno, para usar o serviço em Londrina o usuário vai pagar R$ 2,50 iniciais, mais R$ 1,00 por quilômetro rodado, além de uma tarifa de R$ 0,20 centavos por minuto. Assim, se rodar 10 quilômetros em 10 minutos, o passageiro vai pagar R$ 14,50; ou seja, os R$ 2,50 iniciais, mais R$ 10,00 pela quilometragem e R$ 2,00 pelo tempo de percurso. O valor mínimo por corrida é de R$ 5,00.
Para usar o aplicativo, o cliente precisa cadastrar um cartão de crédito e informar um e-mail válido. O Uber cobra entre R$ 2,00 e R$ 3,00 para comprovar a validade do cartão.
Segundo Sabba, a ideia é que o serviço seja um complemento ao transporte público e incentive as pessoas a deixarem o carro em casa. "O objetivo do Uber é oferecer transporte acessível ao maior número possível de pessoas. Para isso, você precisa garantir que o usuário seja atendido de forma rápida e com preço competitivo".
Como ser um motorista do Uber
O diretor explica que para ser um motorista do Uber é preciso ter uma observação EAR (Excerce Atividade Remunerada) na Carteira de Habilitação, o que pode ser solicitado por qualquer condutor ao Detran. Em relação aos carros, é necessário apenas que tenham ano de fabricação superior a 2008, quatro portas e ar condicionado. O motorista cadastrado paga à empresa 25% sobre o valor da corrida e faz o próprio horário de trabalho.
Todas as orientações, assim como a documentação necessária para se tornar um motorista do aplicativo estão disponíveis no site exclusivo para parceiros do Uber.
Com objetivo de garantir a segurança do transporte, a Uber faz uma análise criteriosa dos antecedentes criminais do candidato a motorista. Já a qualidade do serviço é assegurada por uma avaliação contínua feita por usuários e motoristas. A cada corrida o usuário avalia o serviço prestado em uma escala que vai de um a cinco. Para continuar integrando o Uber, o motorista precisa manter sua avaliação acima de 4,7. Caso contrário, pode ter a licença suspensa.
Quem optar pelo Uber também estará protegido por um seguro em casos de acidente, que agora é pago pela própria empresa, e não pelo motorista motorista, como acontecia anteriormente.
Mal recebido
O início do serviço em Londrina não foi bem recebido pelo prefeito Alexandre Kireeff. Assim que soube que o aplicativo estaria disponível na cidade, Kireef se manifestou em sua conta no Facebook. Para ele, o Uber "chega pela porta dos fundos". Segundo o prefeito, era esperado que a empresa apresentasse uma proposta para regularização do serviço e alguma forma de compensação aos taxistas, mas durante uma reunião esta semana a diretoria informou que não iria fazer nenhuma proposta. "Sob o ponto de vista da postura corporativa, avalio como surpreendentemente decepcionante a atitude. Espero apenas que agora essa decisão unilateral não gere em nossa cidade conflitos entre os contratados da empresa e nossos taxistas", escreveu.
O gerente de Transporte da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), Wilson de Jesus, explicou que o Uber é um serviço não regulamentado no município e está suscetível às penalidades do Código de Trânsito Brasileiro, que prevê multa média (R$ 85,13) e quatro pontos na CNH por transporte remunerado sem estar licenciado.
Os diretores do Uber, por outro lado, argumentam que os motoristas que prestam serviço pelo aplicativo fazem transporte individual privado, modalidade que tem respaldo na Constituição Federal e é prevista pela Política Nacional de Mobilidade Urbana - PNMU (Lei Federal 12.587/2012). Ainda em seu favor, a direção cita a consideração da Ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Nancy Andrighi, de que as tentativas municipais de proibir os serviços prestados pelos motoristas parceiros da Uber são inconstitucionais, já que o serviço de táxi, um tipo de transporte público e individual, é diferente do transporte privado e individual realizado pelos motoristas parceiros do Uber.
O presidente do Sindicato dos Taxistas de Londrina, Antônio Pereira da Silva, preferiu não comentar a entrada do aplicativo na cidade. Apenas afirmou que os taxistas estão "melhorando a qualidade do serviço e oferecendo desconto de 20% para quem chama um táxi pelos aplicativos das empresas". (Colaborou Aline Machado Parodi, do Grupo Folha)