O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse nesta terça (9) que "estão fazendo terrorismo" os que falam que o preço do pão vai aumentar por causa da sobretaxa que o país pode aplicar à importação do trigo americano.
Ontem (8), a Câmara de Comércio Exterior (Camex) anunciou a medida, como parte da retaliação autorizada pela Organização Mundial do Comércio (OMC) à prática do governo dos Estados Unidos de pagar subsídios aos produtores de algodão.
"Já tem gente querendo ganhar dinheiro à custa de uma determinada situação", comentou Stephanes em entrevista coletiva para apresentar o sexto levantamento da safra de grãos 2009/2010.
Segundo ele, esse tipo de especulação ocorre porque apenas cinco grandes grupos de moinhos controlam toda a comercialização de trigo no país e sempre pressionam o governo para reduzir a tarifa de importação, embora não aceitem abrir seus estoques.
"Numa reunião, eles pediram a importação com tarifa zero com o argumento de que o preço do pão aumentaria 36% se não fossem atendidos. Eu disse que aceitava, se eles aceitassem abrir os estoques, mas eles não aceitaram. Não os atendemos e o preço não subiu. Eles acham que não sabemos fazer cálculo", afirmou.
Segundo Stephanes, apenas 5% do trigo comercializado no país são importados dos Estados Unidos. Além disso, ele ressaltou que o preço do cereal interfere pouco no preço do pão.
"Tem que se considerar que o custo do trigo no pãozinho varia de 10% a 16%. Então, como a restrição de 5% da importação implicaria aumento de 16% no preço? Isso não tem lógica nenhuma. É terrorismo", afirmou.
O ministro mostrou aos jornalistas um gráfico com a variação do preço do trigo e do pão francês nos últimos três anos, no qual o primeiro sofreu variação de R$ 750 por tonelada em 2007 para menos de R$ 450 por tonelada neste ano. O valor do pãozinho, entretanto, se manteve no mesmo patamar, mesmo com a queda do valor de sua matéria-prima. "Alguém está ganhando dinheiro aí, e não é o produtor", disse Stephanes.