Carnaval, belezas naturais ímpares e as praias mais disputadas do Brasil. Quem sempre sonhou em se mudar para o Rio de Janeiro e desfrutar dessas e de outras maravilhas pode estar diante de um dos momentos mais favoráveis para encontrar um emprego na cidade e se estabelecer por lá.
Com uma Olimpíada para organizar e preparativos em marcha para transformá-la em uma das cidades-sede da Copa do Mundo,o Rio vê seu mercado de trabalho movimentar-se graças aos negócios que surgem, de olho nos eventos esportivos.
Apesar de faltar ainda anos para os astros dos esportes entrarem em ação, alguns setores começaram a requisitar pessoal qualificado para atender a uma clientela que virá de vários país e se precisará de serviços de qualidade internacional.
O setor hoteleiro é um dos que não dormiram no ponto e quer estar com tudo concluído para quando os eventos chegarem. Já são cerca de 20 os pedidos de empresas que querem espalhar suas bandeiras pela cidade e faturar com o movimento. A busca é tanto por profissionais para cargos gerenciais quanto por camareiras, garçons e chefs de cozinha.
O Rio, no entanto, não está dando conta de suprir as necessidades de mão de obra do setor e já começou a importar profissionais de nível superior e técnico de outros Estados e até do exterior. Muitos deles são cariocas que haviam deixado a cidade nas últimas décadas, quando a economia local estava em baixa os problemas com violência tiravam a tranquilidade da população -, mas agora retornam diante das oportunidades que vêm surgindo.
"O Rio de Janeiro tem construído uma base maior de profissionais preparados apenas de uns cinco anos para cá. A economia cresceu de forma muito drástica, não vão ter muitas pessoas preparadas", avalia Rafael Meneses, sócio-gerente da consultoria Asap, especializada no recrutamento e seleção de executivos de média gerência (cargos com salário anual entre R$ 60 mil e R$ 200 mil).
São Paulo
Segundo Meneses, é da cidade de São Paulo que sai a maior parte dos profissionais rumo ao Rio, mas também há uma parcela de diferentes regiões do País. Segundo o Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes (SindRio), igualmente há dificuldade para preencher vagas cuja remuneração é mais baixa, como de garçons, atendentes e mensageiros. A expectativa é de que esse setor, que hoje emprega 130 mil pessoas, praticamente dobre o número de contratados até a Olimpíada de 2016. Uma das causas da escassez, porém, vem de uma boa notícia.
"O movimento migratório do Norte e Nordeste para o Sudeste se estancou com a retomada do desenvolvimento dessas duas regiões e como Bolsa Família. Muitas pessoas, inclusive,têm voltado para casa", afirma o presidente do SindRio, Pedro de Lamare, explicando que grande parte das vagas do setor eram preenchidas por migrantes. "Teremos grande dificuldade de preencher esses postos de trabalho."
Na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio (ABRHRJ), Fábio Ribeiro, importar mão de obra para profissões com salários mais baixos não é uma alternativa. "Acho que essa solução para os postos de trabalho mais baixos é economicamente inviável. É melhor pagar bem e atrair mais profissionais de outras áreas para trabalhar. Na prática, vai haver uma inflacionada nos salários", afirma.
Técnicos
Para Ribeiro, a Copa e a Olimpíada são um filão promissor para profissionais de nível técnico. Ele diz que por muito tempo investiu-se pouco nesse tipo de formação, e defende que o governo e a iniciativa privada estimulem jovens a ingressar em cursos técnicos, pois a demanda por esses profissionais será grande nos próximos anos.
"Estamos falando de três ou quatro anos à frente. Muitas das pessoas que preencherão essas vagas ainda estão na escola. Esse garoto que ainda está estudando pensa: ‘Vou para a faculdade ou viro um faz-tudo’. Mas há um caminho do meio, que é o do técnico.
É preciso financiar e dar bolsas a essas pessoas", diz. Alguns setores, no entanto, não podem esperar. Com a necessidade de a cidade melhorar sua infraestrutura para receber os eventos esportivos, as construtoras vêm aumentado as contratações.
A expectativa da Secretaria de Desenvolvimento do Rio de é que o setor abra 50 mil vagas temporárias até 2016. A principal demanda é por engenheiros de diversas áreas, porém muitas vagas estão sendo abertas para outras funções.Meneses, da Asap, conta que há empresas estão dobrando de tamanho em alguns setores e, por isso, tem demandado profissionais das áreas de suporte, financeira e de recursos humanos.
Entretenimento
Além das vagas criadas por negócios diretamente ligados aos jogos, estão surgindo oportunidades em outras atividades. Com os eventos, o segmento de geradores de energia deve registrar um forte crescimento e precisará de profissionais qualificados. Outra área que vai contratar é a de entretenimento.
"Não tenho dúvida de que vai ser um segmento de muito sucesso já neste ano e no próximo. É preciso entreter os estrangeiros que vêm ao Brasil. Por isso, os eventos esportivos trazem, na carona, tantos outros eventos", afirma Meneses.
Com a realização da Olimpíada e da Copa, a expectativa é que haja aprimoramento dos serviços e do atendimento no Rio, em muitos casos deficientes em relação a outras capitais. "Será uma oportunidade única para melhorar a qualidade dos serviços destinados ao turista. Isso se dará por meio da qualificação de serviços de transporte e do atendimento em bares e restaurantes", avalia o secretário de Desenvolvimento do Rio, Felipe Góes.