O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse hoje (1º) que o Brasil terá de manter um esforço contra a apreciação cambial por, pelo menos, dois anos. Segundo ele, esse será o período necessário para que as políticas macroeconômicas do país surtam efeito e passem a atenuar os problemas decorrentes do câmbio valorizado.
"Há uma etapa de transição que, até chegar lá, é preciso, nos próximos dois anos, [fazer] um esforço muito proativo de intervenção para resistir [à apreciação cambial], usando vários instrumentos que estão disponíveis. Se possível, melhorar a taxa de câmbio e avançar de maneira muito firme em um conjunto de medidas que reforcem a competitividade do Brasil", disse ele em debate no 5º Encontro Nacional da Indústria, em São Paulo.
Segundo Coutinho, uma das políticas macroeconômicas que podem atenuar a valorização do real perante o dólar é o controle dos juros. De acordo com ele, o país está maduro para ter uma taxa de juros compatível com os bons fundamentos da economia.
"Essa construção atenuará dois dos graves ônus da competitividade: um, que é o custo da capital em geral. E atenuará também a questão da câmbio", afirmou. Coutinho explicou que, com juros menores, capitais internacionais que buscam apenas a valorização do investimento nas altas taxas brasileiras, não entrarão no país em quantidade tão grande como vem ocorrendo atualmente.
No curto prazo, Coutinho sugeriu o uso da política tributária para manter a competitividade da indústria brasileira. "Em curtíssimo prazo, talvez no campo da tributação, pudéssemos trabalhar no sentido de melhorar as condições para a exportação brasileira", disse.