O Porto de Suape foi considerado estratégico na ampliação das relações comerciais e na atração de investimentos pela comissão de embaixadores dos países da União Europeia que visitam Pernambuco nesta semana. Mas, para que o complexo cumpra seu papel estratégico, é preciso que a Ferrovia Transnordestina seja concluída. A afirmação é do embaixador João Gomes Cravinho, que representa o grupo e falou com a imprensa ontem (19) à noite.
A missão, que vai anualmente a um estado brasileiro para fortalecer laços e buscar oportunidades entre o Brasil e os países do bloco europeu, começou na quinta-feira (18) e vai até domingo (21). Representantes de 20 países cumprem agenda no estado, do contato com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) a visitas de fundo econômico.
Segundo Cravinho, o porto pernambucano tem duas vantagens: fica perto do ponto mais próximo da Europa; e tem capacidade de expansão, enquanto os outros principais portos brasileiros já "estão cheios". "Eu acredito que um investimento fundamental que está acontecendo é a Ferrovia Transnordestina. Outros investimentos estruturantes de Pernambuco também vão ajudar aqui que o porto esteja mais ligado aos centros de produção em um momento em que prevemos um aumento do comércio", disse.
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A previsão de aumento do comércio vem da expectativa de acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia – negociação que já dura vários anos e andava a passos lentos desde 2012. O embaixador afirmou que o objetivo é concluir as negociações até o fim do ano. No início de julho, ocorre uma rodada negocial em Bruxelas.
A Transnordestina, no entanto, está com as obras paralisadas. A ferrovia começou a ser construída em 2006, e prevê percurso com cerca de 2,3 mil quilômetros, passando pelo Piauí, Ceará e Pernambuco. A falta de repasse de recursos federais acabou por atrasar as obras e, no início do ano, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a suspensão de verbas federais para a construção da ferrovia. Já foram investidos mais de R$ 6 bilhões na estrutura.
"Em quase todas as partes do mundo, sobretudo nas democracias, as obras nunca se concluem exatamente no calendário inicialmente previsto. Mas o importante é que o vice-governador [Raul Henry] assegurou-nos que o plano é concluir essas obras e fazê-las avançar, e nós acreditamos que assim seja. E esperamos que daqui a dois, três anos haja circunstâncias melhores", afirmou o representante da União Europeia.
Indústria e pesquisa
A comissão também se interessou pela exportação de frutas cultivadas da região irrigada do São Francisco, e considerou que a experiência da Fiat (que possui uma fábrica da Jeep em Pernambuco), demonstrou que "setores industrializantes são muito atrativos no estado de Pernambuco, que é central para todo o Nordeste".
Os embaixadores foram recebidos, também, na Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) e no Porto Digital, parque tecnológico criado como resultado de parceria entre o governo estadual, universidades e o setor privado.
A possibilidade de parcerias na área de pesquisa também atraiu o grupo, sobretudo para "melhores oportunidades de mobilidade de estudantes e professores" da UFPE e universidades europeias, e também para o investimento feito por meio do Horizonte 2020, programa da União Europeia que disponibiliza R$ 80 bilhões para a ciência. A agenda da missão continua no fim de semana na área de turismo.
Conjuntura política brasileira
A comissão ainda tem compromisso esta noite com o senador Armando Monteiro (PTB-PE), em jantar no qual os embaixadores vão procurar entender melhor a situação política do país. Monteiro foi ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do segundo mandato da então presidenta Dilma Rousseff (PT). Também foi presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) de 2002 a 2010.