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Economista defende desvalorização do real e volta da CPMF

09 nov 2010 às 21:14

A economista Maria da Conceição Tavares defende que o Brasil adote "todos os instrumentos possíveis" para desvalorizar o real frente ao dólar, caso não haja acordo sobre o assunto na reunião da cúpula do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), que será realizado na quinta (11) e na sexta-feira (12) em Seul, na Coreia do Sul. E a economista, que foi deputada federal pelo PT do Rio de Janeiro de 1995 a 1999, está pessimista quanto a um consenso internacional sobre o câmbio, considerado por ela o principal problema que o próximo governo terá de enfrentar.

Durante o seminário "Desenvolvimento econômico brasileiro: evolução e desafios", realizado na tarde desta terça-feira pelas comissões de Finanças e Tributação da Câmara e de Assuntos Econômicos do Senado, Tavares ressaltou que aos Estados Unidos interessa manter sua moeda desvalorizada, para evitar recessão, e "a China não vai pagar essa conta sozinha". Exemplo de que os Estados Unidos não pretendem valorizar o dólar, segundo lembrou, é o fato de o banco central do país ter comprado, na semana passada, 600 bilhões de dólares em títulos públicos para injetar dinheiro na economia, "o que desvalorizou ainda mais a moeda em todo o mundo".


Entre as medidas que o Brasil poderia utilizar para melhorar a situação cambial, Tavares destacou o controle da entrada de capitais no País e o rebaixamento da taxa de juros. "Para isso, não precisamos pedir autorização a ninguém, é questão de soberania interna nossa", destacou.


Outra maneira possível de solucionar a "guerra cambial", como definiu, seria por meio da adoção de um "índice de realinhamento do câmbio". Mas a consequência, segundo explicou, seria a emergência de uma nova ordem internacional, não mais baseada no dólar. "Mas isso os Estados Unidos e a China não permitem, porque têm poder de veto."


CPMF
Durante o encontro, a economista também defendeu a volta da CPMF, ou de qualquer outro imposto baseado na circulação de mercadorias e valores. Para ela, "sem financiamento, vai ser complicado ter educação e saúde de alto nível, como quer a classe média".


De acordo com Tavares, impostos sobre valor agregado e o Imposto de Renda têm a desvantagem de serem "pró-cíclicos" - a arrecadação cresce em bons momentos econômicos, mas cai em situações de crise. "A circulação é mais neutra em relação à oscilação econômica", disse. No caso da CPMF, ela acrescentou que há a vantagem adicional de "por areia na ciranda financeira".


Otimismo
Outras dificuldades que a nova presidente terá de enfrentar, conforme ressaltou a economista, incluem o controle da balança de pagamentos, o desenvolvimento e a manutenção da infraestrutura, e a seguridade social. "Essas são preocupações permanentes", frisou.

Mas, mesmo com essas ressalvas, Maria da Conceição Tavares se disse otimista em relação ao futuro do Brasil. "Em energia estamos bem, temos água, biomassa e petróleo, e quem controla é o Estado", sustentou. No que se refere à infraestrutura, ela também destacou a construção de ferrovias como um passo importante já iniciado.


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