Depois de uma forte expansão no início do ano, o Produto Interno Bruto (PIB) do país desacelerou no 2º trimestre, fechando o período com um crescimento de 1,2% em relação ao trimestre anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado ficou um pouco acima do esperado pela média do mercado, mas não deixa de representar uma acomodação após a expansão de 2,7% no 1º trimestre, o que muitos analistas consideraram como um crescimento "acima do potencial" do país.
"Sem dúvida foi uma surpresa, especialmente pelo desempenho da indústria", diz Bernardo Stuhlberger, da Tendências.
No início da semana, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, havia estimado uma expansão entre 0,5% e 1% no período.
O 2º trimestre foi marcado pela retirada dos estímulos fiscais que haviam sido adotados pelo governo para estimular a economia no pós-crise. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a expansão de abril a junho foi de 8,8%.
A expectativa dos analistas de mercado é de que a economia brasileira vá crescer um pouco mais no 3º trimestre, mas nada parecido com o "ritmo chinês" observado no início do ano.
Destaques
A agropecuária foi um dos principais destaques do 2º trimestre, com um crescimento de 2,1% na comparação com o trimestre anterior.
A indústria, que havia puxado o crescimento do PIB no 1º trimestre, com uma expansão de 4,2%, desacelerou de abril a junho, com um crescimento de 1,9%. Já o setor de serviços cresceu 1,2%.
Entre os itens da demanda interna, o destaque ficou para o investimento (ou Formação Bruta de Capital Fixo), que cresceu 2,4%.
Na comparação com o mesmo trimestre de 2009, a expansão do investimento foi de 26,5% - o maior crescimento desde o início da série histórica, em 1996.
O motivo, segundo o IBGE, está não só na baixa base de comparação, mas também na expansão da produção interna e da importação de máquinas e equipamentos, que contribuem para um melhor desempenho do parque industrial.
A taxa básica de juros, a Selic, que estava em um patamar baixo no início do ano também ajudou a impulsionar os investimentos no 2º trimestre, de acordo com o IBGE. Com isso, os investimentos atingiram 17,9% do PIB, frente aos 15,8% de 2009.
Semestre
Com o crescimento de 1,2%, o PIB brasileiro chega a US$ 900,7 bilhões no 2º trimestre. Desse total, 14,5% são referentes a impostos pagos.
No acumulado do semestre, o resultado é o melhor da série histórica, segundo o IBGE: de janeiro a junho, o PIB cresceu 8,9% em relação a igual período de 2009.