O Banco Central deixou de lado hoje a estratégia dos duplos leilões diários que vinha aplicando desde 8 de setembro, com a finalidade de controlar a liquidez e a valorização do real diante de fluxo positivo para a capitalização da Petrobrás. Hoje, o BC voltou a atuar no mercado apenas uma vez no dia. Nesse único leilão, realizado entre 15h56 e 16h, praticou taxa de corte a R$ 1,7094, sem alteração na cotação da moeda à vista.
O dólar comercial fechou hoje em queda de 0,12% a R$ 1,709 no mercado interbancário de câmbio. No mês, a moeda acumula queda de 2,68% e no ano, -1,95%. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros, o dólar negociado à vista encerrou o pregão a R$ 1,7084, recuo de 0,08%. O euro comercial cedeu 0,09% para R$ 2,305.
A volta da realização de apenas um leilão pelo BC coincide com o término da capitalização da Petrobrás - a liquidação da oferta da estatal ocorre quarta-feira, mas analistas acreditam que o "grosso" de recursos estrangeiros já entrou no País. Mas, nas mesas de câmbio, o fato de o BC não ter chamado um segundo leilão hoje não significa que ele vai abandonar essa tática mais agressiva. "É preciso aguardar um pouco mais para fazer essa afirmação, ainda é cedo para dizer que a tendência é essa", comentou Luiz Felipe Brandão, responsável pela mesa de Global bonds da Icap Brasil. Para ele, a divisa dos EUA deve agora entrar num período de oscilações mais curtas, mas mantendo tendência de queda.
Nesses 13 pregões consecutivos de duplos leilões, o mercado avalia que o BC enxugou US$ 10,7 bilhões. Nas últimas sessões, a autoridade monetária já vinha reduzindo o volume de compras, sinal, segundo analistas, de que a liquidez já ficava mais estreita. A média diária de compras com os duplos leilões caiu de cerca de US$ 1 bilhão nos primeiros dias de intervenção para cerca de US$ 500 milhões nos últimos pregões.
Declarações de hoje do ministro da Fazenda, Guido Mantega, corroboram as expectativas de que a era dos duplos leilões e de possibilidade do início de compras pelo Fundo Soberano do Brasil (FSB) não tenha se encerrado.
Mantega, que hoje participou de seminário em São Paulo, disse que o governo tinha a expectativa de que a operação de capitalização da Petrobras iria trazer muitos recursos externos ao País e que isso acabaria pressionando o câmbio para a valorização, e agora, passada a capitalização, o governo vai observar qual será o comportamento das cotações nos próximos dias para decidir como atuará daí em diante. "Passada essa situação (capitalização da Petrobras) deve haver uma calmaria, com menor pressão para valorização do câmbio. Mas, se não houver, nós estaremos levando em consideração os instrumentos que temos para agir".
A perspectiva é de que o fluxo financeiro de recursos continue positivo para o País, com captações externas privadas fortes e investidores de curto prazo buscando juros atrativos. No exterior, a ideia de recuperação lenta nos EUA também é fator de pressão de baixa no dólar.