O dólar comercial caiu 1,16% nesta segunda-feira e fechou as negociações no mercado interbancário de câmbio cotado a R$ 1,875, na mínima do dia, mantendo-se abaixo do nível de R$ 1,90 pelo terceiro dia consecutivo. É a taxa de câmbio mais baixa desde 26 de setembro de 2008, quando a moeda americana foi negociada a R$ 1,853. Em julho, o dólar comercial acumula queda de 4,53% até hoje; no acumulado do ano, o recuo já atinge quase 20% (19,7%). Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar à vista cedeu 1,09% hoje e fechou a sessão a R$ 1,8754. As quedas das cotações no mercado à vista e no mercado futuro prosseguiram hoje mesmo após o leilão de compra de moeda realizado pelo Banco Central, à tarde, no qual a taxa de corte das propostas foi de R$ 1,8815.
A realização de lucros nas Bolsas norte-americanas e na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) durante parte da sessão não tirou disposição dos investidores em ofertar dólar, dada a percepção de continuidade do fluxo cambial positivo. Além disso, os dados da balança comercial até a quarta semana de julho confirmaram ingressos de recursos pelo segmento comercial e o déficit em transações correntes do País em junho não causou desconforto, observou o operador de câmbio Ovídio Pinho Soares, da Finabank Corretora. Segundo ele, o ritmo de negócios foi de certa forma contido porque os indicadores norte-americanos mais esperados da semana começam a ser divulgados a partir de amanhã, a exemplo do dado de confiança do consumidor em julho (amanhã), o Livro Bege do Fed (quarta-feira) e a primeira prévia do PIB dos EUA no segundo trimestre (sexta-feira).
A rolagem de contratos futuros de câmbio na BM&F por causa da proximidade do vencimento mais líquido, de 1º de agosto, e o posicionamento do mercado predominantemente na ponta vendedora também pesaram na trajetória declinante das cotações. Segundo o operador José Carlos Amado, da Renascença Corretora, os fundos estrangeiros detêm hoje pelo menos 37 mil contratos de venda de dólar (cerca de US$ 1,85 bilhão), enquanto as tesourarias de bancos locais estão vendidas em cerca de 18 mil contratos (US$ 900 milhões). O interesse desses players pode vir a levar o dólar à vista a testar níveis mais baixos, até R$ 1,868 no curto prazo, apostou Amado. Para Pinho Soares, da Finabank, é possível que a taxa de câmbio ceda ainda mais e atinja o nível de R$ 1,85 esta semana, se não houver reviravolta no mercado internacional.
Pela manhã, O Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior informou que a balança comercial brasileira registrou, na quarta semana de julho, um superávit de US$ 653 milhões (com exportações de US$ 3,424 bilhões menos importações de US$ 2,771 bilhões). Com este resultado, em julho a balança acumula superávit de US$ 2,804 bilhões.No ano até a quarta semana de julho, a balança comercial acumula um superávit de US$ 16,791 bilhões. O Banco Central, por sua vez, anunciou que a conta corrente do balanço de pagamentos com o exterior registrou em junho um déficit de US$ 535 milhões. No acumulado do primeiro semestre, a conta corrente registra um resultado negativo de US$ 7,074 bilhões. Os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) no Brasil somaram em junho US$ 1,45 bilhão e, no primeiro semestre, totalizaram US$ 12,684 bilhões.