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Dólar a R$ 2 não garante competitividade

15 mai 2012 às 13:45

A elevação da taxa de câmbio para próximo de R$ 2,00 ajuda as empresas exportadoras, mas não é suficiente para garantir competitividade à indústria, disse nesta terça-feira o vice-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), João Carlos Ferraz. A elevação da competitividade depende de mais produtividade e mais investimentos, com incremento da poupança.

"Para quem exporta, (a mudança) do câmbio de R$ 1,50 para R$ 2,00 faz diferença, mas o câmbio é uma peça do componente de custos. Sempre devemos estar alertas para os esforços de aumentar a produtividade, a eficiência, a qualidade e diminuir desperdícios", afirmou Ferraz após palestra no Fórum Nacional, no Rio.


Já o aumento da poupança interna, permitindo elevação dos investimentos, será uma tendência natural. Com o envelhecimento da população nos próximos anos e a inclusão de mais pessoas no mercado consumidor, as aspirações individuais mudam e caminham no sentido de poupar mais. O primeiro passo da inclusão é o consumo de bens que as pessoas não tinham.


"Pouco a pouco, as aspirações das famílias mudam. O tema da casa própria começará a ser cada vez mais relevante. Veja como está o crescimento da habitação no País. Adquirir um bem como uma casa implica poupança, naturalmente", disse Ferraz, completando que as empresas também tenderão a dirigir recursos para poupança e o governo "está fazendo seus esforços, no sentido fiscal".


O aumento dos gastos públicos desde a Constituição de 1988, no entanto, é o principal entrave ao crescimento da poupança interna, na visão do economista Raul Velloso, também palestrante do Fórum Nacional nesta terça-feira.


O economista apresentou estudo com projeções para 2040, prevendo que a parcela de três itens de gastos correntes (Previdência, funcionalismo público e assistência social) passará de 13,6% do PIB para 28,5%. "O valor é tão alto que só serve para mostrar que é preciso fazer alguma coisa", disse Velloso.

A saída possível, segundo o economista, será aumentar a produtividade da economia, dada a dificuldade política de se mexer nos gastos sociais - embora alguma reforma na Previdência tenha que ser feita diante do envelhecimento da população. De imediato, Velloso propôs mudar a regra de reajuste do salário mínimo - responsável pela indexação de parte dos gastos sociais -, trocando a taxa de crescimento do PIB pela de produtividade do trabalho, e ampliar as concessões públicas na área de infraestrutura, elemento essencial para aumentar a produtividade. Nesse caso, porém, é preciso mudar o atual modelo, passando o foco de tarifas mais baixas para metas de produtividade.


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