O País precisa de um novo plano econômico para dar competitividade, principalmente à indústria. A opinião é do diretor de Pesquisas Macroeconômicas do Bradesco, Octavio de Barros. "O Brasil precisa de um Plano Real 2, um conjunto de reformas que foque essencialmente o aumento da competitividade, que é a única agenda do País. Há uma jazida de produtividade ainda inexplorada e as ruas estão pedindo mais eficiência, uma demanda pela qualidade", disse Barros, nesta segunda-feira, em seminário na capital paulista.
O executivo citou avanços da economia brasileira na última década e o crescimento da capacidade ociosa da indústria entre 2011 e 2012, em razão da perda da competitividade, principalmente para os importados, o que trouxe um clima de pessimismo para o setor. "Com a capacidade ociosa dos últimos dois anos, o empresário só investiria se fosse débil mental."
Para o economista, "todas as empresas relevantes do País" consultadas pelo Bradesco estão cortando custos, o que de certa forma melhorará a produtividade no futuro. No entanto, os custos com salários, diante da falta de mão de obra, e com câmbio, após a recente valorização da moeda norte-americana, terão de ser absorvidos. "Com corte de custos de empresas, a atividade econômica desacelera no curto prazo", completou.
Para o economista, a desaceleração da indústria fará com que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresça 2,3% este ano e avance 2,5% em 2014, o que para ele não é um número ruim, diante do avanço mundial menor e do crescimento demográfico pequeno do País. "Na média móvel de cinco anos, o Brasil cresceu, em média, 3,2%, o mundo 2,9% e (o mundo) sem a China, 1,6%. E 70% da desaceleração brasileira vêm da piora do ambiente global", disse. "Uma mudança de patamar mundial torna razoável o Brasil crescer entre 3% e 3,5% após 2014."
O diretor de pesquisas macroeconômicas do Bradesco afirmou, ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, "que o cenário de estresse para desemprego médio é de 6%, no máximo", principalmente em razão da questão demográfica, com a demanda pela mão de obra crescendo mais que a oferta.
Barros não teme uma explosão no preço do dólar no Brasil com a retirada dos incentivos do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), que pretende suspender a compra de títulos públicos locais com a melhora da economia. "O mercado já precificou retirada de incentivos do Fed, que ocorrerá entre setembro e dezembro."