O valor do salário mínimo, que começa a ser apreciado pelo Congresso nesta semana, não afetará apenas o equilíbrio das contas públicas e o poder de consumo dos mais pobres, mas também a taxa de popularidade de Dilma Rousseff nas primeiras pesquisas de opinião após a posse na Presidência da República.
O histórico das pesquisas nos últimos 16 anos indica que a política salarial teve impacto negativo na taxa de aprovação ao governo Fernando Henrique Cardoso. Em sete de seus oito anos de mandato, FHC enfrentou queda ou oscilação negativa na popularidade na primeira pesquisa após o reajuste do mínimo. Duas dessas quedas, em 1997 e em 2001, foram significativas, de 21 e 12 pontos porcentuais, respectivamente.
Esse padrão não se repetiu no governo Luiz Inácio Lula da Silva, que concedeu reajustes maiores em termos reais. O petista ganhou pontos ou oscilou positivamente em quatro anos, perdeu em três e ficou na mesma em 2010, quando já tinha a taxa recorde de 83% de aprovação.
No acumulado dos oito anos de FHC, o mínimo teve aumento real - acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) - de cerca de 30%. Na gestão de Lula, o avanço foi maior, próximo a 58%, segundo o Ipeadata, banco de dados mantido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Para Márcia Cavallari, diretora executiva do Ibope, existe a possibilidade de que um reajuste "apertado" do mínimo esfrie a empolgação dos brasileiros em relação ao governo Dilma logo em seu início. Isso ocorreu em 1995, nos primeiros meses da gestão FHC, quando o então presidente tucano se envolveu em uma polêmica com o Congresso na tentativa de evitar que o piso salarial fosse reajustado de R$ 70 para R$ 100. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.