O Brasil viu evaporar US$ 7 bilhões neste mês até sexta-feira da semana passada, o que levou ao terreno negativo o saldo de dólares acumulado em 2014, informou ontem (24) o Banco Central.
Ao que tudo indica, dezembro deve ter a maior retirada de moeda americana neste ano, com a concentração de envio de lucros e dividendos de multinacionais instaladas no País - que remetem recursos às suas matrizes no exterior nos fins de ano. Até agora, novembro registrou o maior volume de saídas no ano, com um total de US$ 3,5 bilhões.
No acumulado do ano, o resultado está em US$ 2,3 bilhões negativos. Até a semana anterior, encerrada no dia 12 de dezembro, o total de 2014 ainda se segurava no terreno positivo, com o ingresso líquido também de US$ 2,3 bilhões, já descontadas as retiradas. Em 2013, neste mesmo período, o volume de saídas estava bem maior: US$ 11,2 bilhões.
Financeiro
A porta de saída desses fluxos ocorreu por meio das operações financeiras, que responderam por remessas líquidas de US$ 7,5 bilhões, já descontadas as entradas. Nesse segmento, o Brasil recebeu US$ 32,7 bilhões e mandou para fora US$ 40,2 bilhões. As transações de comércio exterior mantiveram um saldo tímido, mas ainda positivo nesse período: US$ 430 milhões. Até o dia 19 de dezembro, as operações com importações somaram US$ 12,2 bilhões e as transações com exportações, US$ 12,7 bilhões.
Ao longo de 2014, a quantidade de envios de moeda foi maior do que o ingresso em cinco dos onze: fevereiro (US$ 1,9 bilhão), maio (US$ 813 milhões), julho (US$ 1,8 bilhão), agosto (US$ 3 bilhões) e novembro. Se a tendência de saídas este mês continuar, o resultado de dezembro pode superar o saldo negativo de US$ 8,8 bilhões visto em igual mês do ano passado.
Apenas na semana passada, o envio de dólares ao exterior somou US$ 4,6 bilhões, a maior retirada semanal dos últimos 12 meses - último dado disponível. Foi também a área financeira a principal via de saída de moeda americana (US$ 3,9 bilhões). No segmento comercial, o envio líquido foi de US$ 710 milhões.
Cotação
Geralmente, as empresas aguardam momentos em que o real está mais valorizado para enviar recursos às sedes, mas as "janelas de oportunidade" recentes estão escassas com a escalada do dólar vista desde o primeiro turno das eleições presidenciais. Para suprir essa necessidade das companhias, e não deixar que a falta de dólares em espécie acabe pressionando ainda mais a cotação da moeda, o Banco Central costuma oferecer nos fins de ano os chamados leilões de linha, operações em dólar com o compromisso de recompra. Na véspera do Natal, o dólar encerrou ontem em leve baixa (-0,44%), cotado a R$ 2,695, em um dia de pouco movimento no mercado financeiro. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.