O mercado de trabalho dos Estados Unidos voltou a registrar dados negativos nesta sexta-feira (8), com nova alta da taxa de desemprego, de 9,1% em maio para 9,2% em junho, aumentando as incertezas sobre a recuperação da economia do país.
Segundo o Departamento do Trabalho americano, foram geradas apenas 18 mil novas vagas em junho, o menor número em nove meses.
O resultado fica muito abaixo da expectativa do mercado, que era de pelo menos 90 mil postos, e também é inferior aos números de maio - já considerados preocupantes - de 25 mil novos empregos.
As empresas privadas, que costumam puxar as contratações, geraram apenas 57 mil novas vagas em junho, o mês mais fraco para o setor desde maio de 2010.
Logo após a divulgação dos dados, o presidente Barack Obama fez um breve pronunciamento na Casa Branca, no qual voltou a dizer que os Estados Unidos ainda têm um longo caminho até a recuperação econômica.
"O relatório de emprego de hoje confirma o que a maioria dos americanos já sabe: nós ainda temos um longo caminho a trilhar e muito trabalho a fazer para dar às pessoas a segurança e as oportunidades que elas merecem", disse o presidente.
"Nós já criamos mais de 2 milhões de novos empregos privados nos últimos 16 meses, mas a recessão nos custou mais de 8 milhões (de empregos)", afirmou, referindo-se às vagas que foram fechadas durante os 18 meses em que o país esteve oficialmente em recessão, até junho de 2009.
"Nossa economia, como um todo, simplesmente não está gerando empregos suficientes para todos os que estão procurando (por trabalho)", disse Obama.
Dívida
Apesar de citar diversos fatores com impacto recente na economia, como desastres naturais (em especial o terremoto seguido de tsunami que atingiu o Japão em março), a crise de dívida na Grécia e o aumento dos preços dos combustíveis, Obama mencionou o impasse nas negociações para elevar o teto da dívida pública do país.
"A incerteza sobre se o limite da dívida aqui nos Estados Unidos será elevado também deixou os empresários hesitantes em investir de maneira mais agressiva", afirmou o presidente.
A queda-de-braço entre democratas e republicanos sobre quanto e onde cortar gastos para reduzir o déficit no orçamento, calculado em US$ 1,4 trilhão (cerca de R$ 2,1 trilhões) para o ano fiscal que termina em setembro, vem dificultando a obtenção de um acordo para elevar o teto da dívida, que já chegou ao limite de US$ 14,3 trilhões (cerca de 22,3 trilhões) em maio.
O governo afirma que, caso o Congresso não autorize o aumento do teto até 2 de agosto, os Estados Unidos serão obrigados a deixar de cumprir suas obrigações financeiras, o que poderia provocar uma nova crise com impactos globais.
Reações
Em meio a tantos problemas na economia, os números do mercado de trabalho divulgados nesta sexta-feira aumentaram a preocupação junto a especialistas sobre o ritmo da recuperação americana.
"(O relatório de junho) foi muito pior do que o esperado", disse o economista-chefe da consultoria IHS Global Insight, Nigel Gault.
O analista observa que, enquanto a economia americana gerou uma média de 215 mil novos empregos por mês no trimestre encerrado em abril, a média para maio e junho caiu para 22 mil novas vagas.
"Esse relatório acabou com a esperança de que a economia estava prestes a se acelerar novamente", afirmou.
"Nós devemos agora esperar que (o relatório) esteja exagerando na extensão da desaceleração da economia", disse o economista, ao lembrar que os dados do mercado de trabalho são mais sombrios que outros indicadores.
De acordo com o Departamento de Trabalho, mais de 14 milhões de pessoas estão desempregadas nos Estados Unidos, um aumento de quase meio milhão desde março. Nesse período, a taxa de desemprego cresceu 0,4 ponto percentual.
Apesar de o próprio governo americano ter alertado repetidas vezes que a taxa de desemprego deve permanecer alta por um longo período - e que pode levar "vários anos" até que volte a um patamar considerado "normal", em torno de 5% -, os dados de junho representam um desafio para Obama, no momento em que o presidente começa a intensificar sua campanha à reeleição.