A aviação doméstica segue em trajetória de queda no Brasil e anota em fevereiro o 19º mês consecutivo de retração na demanda. De acordo com dados divulgados nesta terça-feira, 21, pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), a demanda por transporte aéreo doméstico de passageiros, medida em RPK (Passageiros-quilômetro pagos transportados, na sigla em inglês), recuou 4,87% na comparação com fevereiro de 2016.
A entidade, que apresenta a estatística com base no desempenho de suas associadas (Avianca, Azul, Gol e Latam), salienta que a retração observada neste início de ano acontece sobre uma baixa de 3,1% registrada em fevereiro do ano passado em relação ao mesmo mês de 2015. Desta maneira, em termos absolutos, a demanda de fevereiro de 2017 foi a menor para o mês desde 2013.
Já a oferta de transporte doméstico, medida em ASK (Assentos-quilômetro oferecidos, na sigla em inglês), teve redução de 5,82% em fevereiro, somando 18 meses seguidos de recuo.
Leia mais:
Um terço das famílias brasileiras sobreviveu com renda de até R$ 500 por mês em 2021, mostra FGV
Taxa de desemprego no Brasil cai para 9,8%, segundo IBGE
Termina nesta terça o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda
Número de inadimplentes de Londrina cai 14% em abril, segundo dados do SPC
Tendo em vista uma diminuição da oferta superior à queda da demanda em fevereiro, o setor observou uma melhora de 0,79 ponto porcentual (p.p.) no fator de aproveitamento, também conhecido como taxa de ocupação, para 79,23%.
No total, as companhias aéreas transportaram juntas 6,65 milhões de passageiros no segmento doméstico no mês passado, número 4,83% menor que o verificado no mesmo período do ano passado.
Em termos de participação de mercado, a Gol se manteve na liderança no segmento doméstico no mês passado, com 35,78%, seguida pela Latam, com 32,47%. A Azul ficou em terceiro, com 18,36% de market share, enquanto a Avianca Brasil registrou participação de 13,39%.
Bimestre
No acumulado dos dois primeiros meses de 2017, a demanda doméstica apresenta uma retração de 2,9% ante o mesmo período de 2016, enquanto a oferta doméstica diminuiu 4,13% na mesma base de comparação. Com isso, a taxa de ocupação no primeiro bimestre desse ano melhorou 1,04 p.p. ante o ano passado, para 82,09%.
No total, as empresas transportaram 15,231 milhões de pessoas no segmento doméstico em janeiro e fevereiro de 2017, uma queda de 3,35% em relação aos mesmos meses de 2016.
Internacionais
A demanda por voos internacionais de passageiros, medida em RPK, cresceu 6,84% em fevereiro deste ano na comparação com o mesmo mês de 2016, de acordo com dados divulgados pela Abear.
A entidade também informou que, em termos de oferta internacional, foi verificado um aumento de 0,64% no mês passado ante fevereiro de 2016.
Desta maneira, a taxa de ocupação dos voos internacionais em fevereiro de 2017 ficou em 85,34%, um aumento de 4,95 pontos porcentuais (p.p.) na comparação com o mesmo mês de 2016. Segundo a Abear, foram transportados 665 mil passageiros no segmento internacional no mês passado, um crescimento de 8,51% na mesma base de comparação.
Dentre as empresas nacionais, a Latam liderou o transporte internacional de passageiros em fevereiro, com 78,87% da participação de mercado. A Gol teve 11,52% e a Azul respondeu por 9,49% - a Avianca Brasil obteve 0,12% de market share.
Acumulado
No acumulado dos dois primeiros meses de 2017, a demanda internacional apresenta um crescimento de 6,04% ante o mesmo período de 2016, enquanto a oferta internacional aumentou 1,34% na mesma base de comparação. Com isso, a taxa de ocupação no primeiro bimestre desse ano melhorou 3,84 p.p. ante o ano passado, para 86,64%.
No total, as empresas transportaram 1,454 milhão de pessoas no segmento internacional em janeiro e fevereiro, uma alta de 7,24% em relação aos mesmos meses de 2016.
'Muito ruins'
O presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, classificou os resultados do transporte doméstico de passageiros em fevereiro como "muito ruins", mas evitou dar projeções para o futuro com base no desempenho registrado no mês passado.
"Não conseguimos avaliar se o mês foi um ponto fora da curva ou se os sinais (de recuperação econômica) que começamos a ver nos últimos 60 dias ainda não se refletem no nosso cotidiano", disse Sanovicz, em conversa com jornalistas. "É um pouco temerário colocar um cenário agora. Precisamos saber como vai ser março para firmar um julgamento", disse o executivo.
E acrescentou: "O dado objetivo é que fevereiro deste ano foi muito ruim na comparação com fevereiro do ano passado."
Bagagens
Questionado a respeito da suspensão das regras da Anac que permitiriam às aéreas a cobrança por bagagem despachada, Sanovicz afirmou que a entidade segue cumprindo a determinação judicial, mas voltou a lamentar a decisão da Justiça.
"Lamentamos o fato de que uma nova classe tarifária, com passagens mais baratas, tenham sido suspensas", disse. "Isso gera um impeditivo ao acesso de um conjunto de passageiros que poderia estar subindo a bordo e não está."