Estudo feito pela Serasa, usando como base um grupo de pessoas com alta propensão de ser vítima de fraude, mostra quem são os brasileiros com maior chance de serem vítimas do roubo de identidade, quando dados pessoais são usados por criminosos para firmar negócios sob falsidade ideológica ou obter crédito com a intenção de não honrar os pagamentos.
Apesar de estarem na segunda faixa etária com maior propensão a fraudes em todo o país, a quantidade de idosos com alta chance de sofrer golpes foi a que mais cresceu nos últimos dois anos: de 36,5%, no primeiro semestre de 2014, para 43,6%, no mesmo período de 2016. O sexo masculino representa a maioria (71,6%) dentro da categoria de pessoas acima de 60 anos. Além disso, especificamente na região Sudeste, no ano passado, eles já eram os mais buscados pelos criminosos (50,9%).
Para o especialista em prevenção a fraudes e fundador da DNpontocom, Daniel Nascimento, o crescimento na quantidade de idosos com alta chance de sofrer golpes "trata-se de um público que tende a apresentar mais dificuldade em operações bancárias e no uso da tecnologia empregada em caixas eletrônicos, por exemplo. Além disso, o homem é mais visado porque, na maior parte das fraudes com documentos, o criminoso também é do sexo masculino e ele precisará, em algum momento, se passar pela vítima".
Ainda de acordo com o estudo, dentro do elevado grau de risco, homens com idade entre 25 e 59 anos, renda entre R$ 850 e R$ 1.075 e residentes na região Sudeste do País são os principais alvos dos fraudadores. Segundo o consultor, pessoas dentro dessa faixa etária estão economicamente mais ativas e por isso correm mais risco.
"Esse perfil se encaixa no grupo que normalmente busca pequenos financiamentos para a compra de itens como eletrônicos e eletrodomésticos. E basta uma identidade, um CPF e um comprovante de pagamento falsos para que a venda seja efetivada de forma parcelada, estendendo o golpe por meses", ressalta.
Nascimento também argumenta que o Sudeste é o alvo principal entre as regiões porque centraliza 40% da população do País. "Essa concentração populacional, bem como a quantidade de recursos disponíveis na região, são vistas como oportunidades para o crime", diz.
Região
Segundo o estudo de alto propensão, no primeiro semestre de 2016, a região do País mais sujeita aos riscos de fraude era a Sudeste, com 50,4%. Em seguida estão: Sul (18,5%), Nordeste (16,2%), Centro-Oeste (9,9%) e Norte (4,9%).
Idade
O estudo também concluiu que, no primeiro semestre do ano passado, entre as pessoas que correram mais riscos de sofrer fraude, o público entre 25 e 59 anos é maioria, com 49,9%. Em segundo lugar estão as pessoas acima de 60 anos (43,6%) e a terceira faixa ficou com os jovens de até 24 anos, com 4,9%.
Sexo
Na distribuição por gênero, dentro do grupo com alto risco, no primeiro semestre de 2016, 69% dos homens e 31% das mulheres estavam propensos.
O estudo também identificou que, enquanto as mulheres predominam no grupo de alto risco até os 24 anos (33,9% do total), os homens estão mais sujeitos a partir dos 60 anos (71,6%).
Mulheres na faixa de menor renda (até R$ 850) têm a maior presença no grupo de alto risco: 41,4%. Este índice vai gradativamente baixando na mesma proporção que a renda do público feminino aumenta. Na faixa mais alta (acima de R$ 7,6 mil), as mulheres chegam ao menor percentual de risco: 22,1%.
Enquanto isso, com os homens o fenômeno é contrário: quanto maior o rendimento maior a predominância no grupo de alto risco de fraude, alcançando 77,9% na faixa salarial mais alta (acima de R$ 7,6 mil).
Renda
Analisando o perfil com alto risco de golpes, as pessoas que recebem salário abaixo de R$ 1.650 predominam com 52,9% de participação. Quem ganha acima de R$ 4.875 representa 28,3% deste grupo de alto risco de fraude.
De acordo com o especialista Daniel Nascimento, o consumidor de menor renda se torna vítima porque, normalmente, não pratica ou desconhece os processos de segurança, mesmo os mais básicos. "Documentos e dados pessoais são informações que precisam de muita proteção. Ao preencher um cupom de sorteio, por exemplo, é preciso ficar atento: o estabelecimento solicitante é confiável?", ressalta. "O consumidor não pode correr riscos de ter seus dados circulando no meio de fraudadores."
Para Daniel Nascimento, é imprescindível que as empresas passem a se preocupar e ajudar cada vez mais o consumidor a se proteger contra a ação de golpistas. "Qualquer pessoa está sujeita a ser vítima de um fraudador, mas se a maioria tiver consciência de sempre reforçar a proteção e contar com a ajuda de companhias que caminham lado a lado do cidadão, como a Serasa, certamente seria possível estreitar muitos caminhos da fraude", diz.
Ele elenca algumas dicas contra os fraudadores:
1 - Nunca perca de vista os documentos, cartão de crédito e folhas de cheque;
2 - Ao receber uma ligação, não passar qualquer informação pelo telefone, nem mesmo se o atendente tiver alguns dados reais da pessoa. Na dúvida, peça um telefone oficial da empresa ou instituição e retorne à ligação;
3 - Ao sair de casa, procure andar somente com os documentos necessários;
4 - Não peça informações a terceiros sobre documentos ou acessos, a caixa eletrônico, por exemplo. Procure sempre um funcionário do local;
5 - Tenha cuidado na hora de fazer cópias de seus documentos. Se possível, faça somente em um lugar de confiança;
6 - Na internet, faça compras e preencha formulários somente em sites recomendados por órgãos oficiais. No caso de lojas ou prestadoras de serviços, faça pesquisas em sites de reclamações para saber a reputação. Tenha preferências por sites que possuem tecnologia SSL, identificada pelo cadeado verde ao lado da URL;
7 - Tenha cuidado com sites que anunciam oferta de emprego ou produtos com preços muito inferiores ao mercado;
8 - Além dos documentos e dados pessoais, nunca compartilhe fotos de ticket de viagem, comprovantes de pagamento, boletins e diplomas educacionais, etc. Esses tipos de informação podem ser valiosos para um fraudador aperfeiçoar um tipo de golpe;
9 - Antes de instalar um aplicativo no celular, pesquise se é confiável;
10 - Ao usar computadores compartilhados, verificar se fez o log off das suas contas (e-mail, internet banking etc.);
11 - Não caia em mensagens falsas no e-mail, como: "atualize seu cadastro", "você ganhou um cartão de crédito no valor de R$ 1.500,00" etc. Desconfie sempre. Na dúvida, antes de clicar em qualquer botão, tente entrar em contato com o remetente;
12 - Em caso de extravio, furto ou roubo de documentos e/ou cheques, além de fazer um Boletim de Ocorrência (B.O), registre um alerta gratuito no Serviço de Documentos e Cheques Roubados da Serasa: www.serasaconsumidor.com.br/servicos-roubo-perda-de-documentos/;
13- Limite suas publicações em redes sociais somente para amigos. Não deixe "público";
14- Não use redes Wi-Fi abertas, pois elas podem ajudar fraudadores a interceptar dados;
15- Mantenha atualizados os sistemas e antivírus do computador e celular.