O futuro da Corol Cooperativa Agroindustrial, de Rolândia, deve ser definido nos próximos dias graças a uma possível fusão com a Cocamar. As diretorias estariam se reunindo nos últimos dias para concretizar a transação.
Um cooperado da região de Rolândia, que preferiu não se identificar para evitar retaliações, disse que escutou ''da boca do presidente'' que as negociações estão em andamento. Mal das pernas, a fusão pode ser a única saída para a Corol aliviar suas dívidas que já atingem os R$ 400 milhões.
''Esta informação procede, foi o próprio presidente que confirmou. Mas ainda não tive tempo de conversar com o pessoal para avaliar o que estão achando disso'', contou o cooperado em entrevista à FOLHA. O presidente da Corol, Eliseu de Paula, não quis comentar o assunto, mas promoteu - por meio de sua assessoria - convocar toda a imprensa até quinta-feira para dar esclarecimentos.
O produtor ainda salientou que o relacionamento entre a presidência e cooperados ''é tenso'' de uns anos para cá. ''Isso é fato. As decisões se concentram na presidência e só depois que são definidas diretores e cooperados ficam cientes. O pior é que, em meio a todos os problemas, estamos passando por uma crise de credibilidade e os nossos associados estão se afastando cada vez mais''.
Uma das situações mais graves enfrentadas pela Corol foi acerca de sua destilaria de álcool. Problemas técnicos de produção fizeram que alguns agricultores fossem obrigados a atrasar a colheita em até três anos. O produtor Daniel Rosenthal afirma que os 120 alqueires de cana-de-açúcar de sua propriedade esperaram 26 meses para serem colhidos. ''Com isso perdi cerca de R$ 250 mil. Segurar a colheita faz a cana perder qualidade e peso, além de ganhar impurezas. Sem falar do alto custo para implantar o sistema. Se tivesse plantado soja, teria arrecadado mais ou menos R$ 500 mil'', retrata Rosenthal, que recentemente acabou colhendo 80 alqueires da cana e recebeu míseros R$ 5,00 por tonelada.
Como o outro produtor consultado, Daniel se diz ''no escuro'' à respeito das decisões tomadas por Eliseu de Paula. ''Não somos informados de absolutamente nada. Nós o questionamos em caráter profissional e ele acaba levando para o pessoal, fora que o Conselho Fiscal da Cooperativa é praticamente inativo. Ele é autoritário, mas nós não vivemos mais no regime militar''.
Em relação a possível fusão, Rosenthal enfatizou que o presidente acabou ''perdendo o timing de se unir com outra cooperativa e que a insatisfação é grande com tudo que está acontecendo''. Já para o produtor que não quis se indentificar, a união a um grupo mais forte pode ser uma saída. ''Também considero importante a mudança gradativa da presidência, que está no poder há mais de trinta anos. O duro é achar alguém agora para assumir este abacaxi'', finalizou.