A desaceleração da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em abril foi puxada pela redução nas despesas das famílias com conta de luz e combustíveis, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa do IPCA saiu de 0,25% em março para 0,14% em abril. No último mês, a energia elétrica ficou 6,39% mais barata, enquanto os preços dos combustíveis caíram 1,95%.
Como a energia elétrica é responsável por 3,5% do orçamento das famílias, o item teve o maior impacto negativo no IPCA do mês, o equivalente a -0,22 ponto porcentual. Já os combustíveis são responsáveis por parcela ainda maior das despesas dos consumidores, 5,0% do cálculo do IPCA, portanto figuraram em segundo lugar no ranking de maiores contribuições negativas para a inflação, -0,10 ponto porcentual.
A queda de 6,39% no item energia elétrica foi influenciada por descontos aplicados sobre as contas por decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), para compensar os consumidores pela cobrança indevida em 2016 do chamado Encargo de Energia de Reserva (EER) destinado a remunerar a usina de Angra III. Apesar disso, no dia primeiro de abril, as contas de luz passaram a ter a cobrança extra da bandeira vermelha, que substituiu a bandeira amarela, o que corresponde a um acréscimo de R$ 3,00 a cada 100 Kw/h ao invés de
R$ 2,00.
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"O desconto dado pela Aneel superou a cobrança da bandeira vermelha", ressaltou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
A energia elétrica mais barata levou à redução nas despesas com Habitação, que saíram de alta de 1,18% em março para redução de 1,09% em abril, o principal impacto negativo de grupo sobre o IPCA, o correspondente a -0,17 ponto porcentual. A queda no grupo só não foi mais expressiva porque houve alta de 2,63% nos preços do gás de cozinha, reflexo de parte do reajuste de 9,8% em vigor desde o dia 21 de março.
Medicamentos
Embora a inflação de abril tenha vindo no menor patamar para o mês desde o início do Plano Real, alguns itens ainda pressionaram o orçamento das famílias, como os gastos com medicamentos, segundo os dados do IPCA divulgados IBGE.
Os remédios ficaram 1,95% mais caros em abril, item de maior impacto sobre a inflação de 0,14% registrada pelo IPCA no mês, o equivalente a uma contribuição de 0,07 ponto porcentual. O movimento reflete o reajuste anual em vigor desde 31 de março, que varia entre 1,36% e 4,76% conforme o tipo do medicamento.
Como consequência, o grupo Saúde e Cuidados Pessoais saiu de um aumento de 0,69% em março para avanço de 1,00% em abril, o segundo maior impacto de grupo, o equivalente a 0,12 ponto porcentual sobre o IPCA, atrás apenas de Alimentação e bebidas.