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Consumo recua menos no primeiro trimestre deste ano

04 jul 2016 às 19:07

O brasileiro já não tem mais onde cortar o consumo de itens básicos, como alimentos, bebidas e produtos de higiene e limpeza. No primeiro trimestre deste ano, os volumes comprados da cesta desses produtos caiu 1,6% em relação a igual período de 2015. É uma retração muito menor do que a registrada no primeiro trimestre de 2015 ante 2014, quando o recuo havia sido de 8,3%.

"Comparando esses trimestres, o fundo do poço foi no fim do ano passado", observa Christine Pereira, diretora da Kantar Worldpanel. Para identificar como anda o consumo, a consultoria visita semanalmente 11,3 mil lares no País, que representam o total de 51 milhões de domicílios.


Ela argumenta que essa queda menor no consumo não significa que o cenário melhorou, mas que atingiu o limite. Christine lembra também que a base de comparação - o primeiro trimestre do ano passado - é muito baixa. Por isso, parte desse movimento é apenas recuperação e não uma retomada. "Houve uma melhora entre aspas", afirma.


Em termos de valor nominal desembolsado, as famílias gastaram neste ano com essa cesta 9,1% a mais do que no primeiro trimestre do ano passado. Entre janeiro e março de 2015, o valor desembolsado tinha crescido apenas 1% sobre 2014. Neste ano, a única cesta que teve um recuo no gasto (-1%) foi a de higiene pessoal. Já o desempenho nominal foi positivo nas demais. Em alimentos houve um crescimento de 14% sobre o primeiro trimestre de 2015, em bebidas a alta foi de 8% e em limpeza de 9%, nas mesma bases de comparação.


Racionalização


A pesquisa mostra também que houve uma racionalização no consumo, mas com nuances diferentes, dependendo da cesta. No caso dos alimentos e bebidas, foi detectado um movimento de "volta ao lar". O fato de o brasileiro ter reduzido os gastos com refeições fora de casa levou ele a reforçar a compra de alimentos, especialmente de ingredientes básicos para preparar os pratos.


De acordo com a consultoria, o consumo de bolo pronto caiu 1,3% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2015. Movimento semelhante ocorreu com a sobremesa em pó, com queda de 13,7% no período, seguida por sobremesa pronta (-33,1%) e queijo petit Suisse (-54,2%). Em contrapartida, aumentaram os volumes consumidos de farinha de trigo (10,3%) chocolate culinário (19,7%) e margarina (8,9%). Para economizar, o consumidor está comprando mais tempero e suco em pó, que são mais baratos, do que tempero em caldo e suco pronto, os mais caros.


A volta ao lar também marca o consumo da cesta de higiene e beleza. Tintura para cabelo, com aumento de 2,3% em volume no primeiro trimestre deste ano em relação ao de 2015, e alisante com avanço de 6,6%, são os destaques. "A brasileira está fazendo o salão de cabeleireiro em casa", diz Christine.


Dois dados que chamam atenção na cesta de higiene pessoal são o crescimento de marcas populares em itens de maior frequência de compra, como desodorante, xampu, creme dental, e o uso compartilhado do mesmo produto pelos moradores da mesma casa.


Um exemplo é o pós-xampu, cujo uso compartilhado ocorria em 63% dos lares no primeiro trimestre de 2015 e subiu para 65% no primeiro trimestre deste ano. O movimento se repete no caso do desodorante e da lâmina de barbear. "Fiquei triste com esse resultado: estamos andando para trás", diz a diretora da Kantar.


Sem empregada


A pesquisa mostra um comportamento seletivo no consumo de produtos de limpeza de acordo com o tipo de domicílio. As famílias que optaram pelo corte do serviço de empregada doméstica e essa tarefa passou a ser desempenhada pela dona da casa, o gasto com produtos de limpeza cresceu 32,4% em valor e houve um avanço de itens com mais tecnologia, como sabão líquido para roupas, alvejante sem cloro, entre outros.


Já aquelas famílias que decidiram manter a empregada doméstica reduziram os desembolsos com produtos de limpeza em 2,6%. Neste caso, cresce a relevância de produtos básicos, como sabão em pó, sabão em pedra e água sanitária.

Na opinião da diretora da consultoria, daqui para frente, a reação no consumo dependerá do comportamento do tripé inflação, renda e emprego. "Esse três fatores combinados darão a tendência dos próximos meses."


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