O consumo de gás nos segmentos residencial, comercial, industrial, automotivo e cogeração - chamado mercado não térmico - cresceu 24,2% no Paraná entre os meses de dezembro 2008 e 2009. Os dados são da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás).
O aumento foi acima da média nacional, que ficou 18,9% maior em dezembro de 2009 em comparação com o ano anterior. No entanto, se levado em conta o mercado total, que inclui o segmento de geração elétrica, ou seja, as termelétricas, houve queda de 34,7% de consumo no Estado nos últimos 12 meses.
Um balanço da Companhia Paranaense de Gás (Compagás), responsável por toda distribuição no Estado, aponta um aumento de 48% no número de clientes entre 2008 e 2009, passando de 4,5 mil para cerca de 6,3 mil. A maior expansão foi no segmento residencial, com 52,1% mais casas recebendo o produto.
Contudo, 97% do volume total vendido pela companhia vão para indústrias e veículos, totalizando 137 clientes. No ano passado, três novas cidades passaram a comercializar o Gás Natural Veicular (GNV): Colombo, Paranaguá e Ponta Grossa. A extensão da rede de distribuição também ficou maior em 2009, passando de 489 para 520 quilômetros.
Segundo o assessor de planejamento da Compagás, Alexandre Haag Filho, o aumento no número de clientes ocorreu principalmente nos segmentos residencial e veicular. Em relação ao aumento de consumo, a recuperação da economia em ''patamares pré-crise'' seria a causa do bom desempenho do setor. ''O Paraná reagiu mais do que o Brasil em função do tipo de indústria que aqui está instalada, uma vez que o setor agrícola e automotivo sofreram menos os impactos da crise econômica''.
Apesar do crescimento acima da média, o Paraná ainda apresenta números de consumo bem aquém dos vizinhos da Região Sul. Enquanto a média paranaense foi de 853 mil metros cúbicos por dia em dezembro, segundo a Abegás, Santa Catarina consumiu 1.539,8 milhõao de metros cúbicos e o Rio Grande do Sul, 1.373,1 milhão.
De acordo com Haag Filho, o traçado do gasoduto Bolívia-Brasil em Santa Catarina favorece a captação do gás natural nas áreas mais industriais do Estado enquanto no Rio Grande do Sul, entre os clientes, está uma refinaria da Petrobras, grande consumidora. Líder nacional, São Paulo registrou 13.603 milhões de metros cúbicos em dezembro do ano passado.
O principal responsável pela queda de 15,9% no mercado total na comparação entre os anos de 2008 e 2009 foi a redução do consumo de gás para geração de energia elétrica. Nesse segmento, a demanda pelo insumo caiu 85,9%. O comportamento se explica pelo maior uso das hidrelétricas para o abastecimento energético do País. ''O segmento termelétrico está muito mais ligado às chuvas do que ao mercado. Enquanto 2008 foi um ano hidrológico ruim, no ano passado a usina térmica quase não operou'', explica Haag Filho.
A Compagás lançou, nesta semana, uma campanha publicitária para incentivar o uso do GNV no litoral paranaense. A primeira ação teve como público-alvo os taxistas da região. De acordo com a companhia, o combustível oferece uma economia de 50% a 70% em relação ao álcool e à gasolina. Outro benefício considerado pela distribuidora é o ambiental, uma vez que os veículos movidos a gás natural emitiriam até 90% menos gás carbônico do que um carro a gasolina. (Com Agência Estado)
Gastech pode abrir posto em Maringá
Para o proprietário do Complexo Gastech, em Londrina, Waner Labigalini, as vendas de gás natural veicular cresceram acima das expectativas neste ano. Os motivos seriam o aumento no preço do álcool e o maior conhecimento sobre o combustível por parte dos consumidores. ‘Em dezembro teve um aumento de 30% nas vendas. Parte em razão dos visitantes de outras cidades em férias aqui em Londrina. Acho que ficamos bem acima da média nacional’, argumenta.
Depois de um primeiro ano abaixo do esperado, o bom resultado de 2009 levou o empresário a retomar os planos de expandir o negócio. Ele conta que já iniciou as obras para a construção de uma central de distribuição em Maringá, que deve ganhar, até julho, um ou dois postos de combustível com oferta de GNV. Como ele recebe o produto na forma líquida, precisará também de uma mini-usina de beneficiamento para transformá-lo em gás.
Em Londrina, ele planeja abrir mais um ponto de venda até a metade deste ano, além de um terceiro posto entre as duas cidades pólo do Norte do Estado. Antes disso, Labigalini conta que fez um estudo em parceria com Compagás para atender o segmento industrial da região com o gás natural. ‘Dentro de um mês já vai estar tudo em funcionamento’, avisa.