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Consumidor não associa pirataria ao crime organizado

29 mar 2007 às 19:51

Os números da "pirataria" no Brasil impressionam. De acordo com o Ministério da Justiça, a cada ano cerca de R$ 30 bilhões deixam de ser arrecadados em impostos em razão da pirataria. Além disso, não é exagero afirmar que ao comprar um produto falsificado a pessoa provoca um efeito cascata que pode resultar no desemprego de um familiar.

Ma afinal, quem é este consumidor que investe em produtos falsificados? O que o motiva? Estas são algumas das questões respondidas pela recém-divulgada pesquisa "Ética - Consumo Ético e Consciente", realizada pelo Provar - Programa de Administração de Varejo, da Fundação Instituto de Administração - FIA, maior centro brasileiro de estudos sobre o mercado de consumo, em parceria com a Canal Varejo.


De acordo com o estudo, 35,2% dos entrevistados sempre fazem compras de produtos do comércio alternativo, enquanto 55,4% do total dos entrevistados compraram recentemente algum produto pirata.


"Os resultados revelam que, embora o consumo responsável seja visto como um ato de escolha e de cidadania, e a cada dia mais os consumidores estejam atentos às atitudes das empresas, o mesmo critério não é referência quando o consumidor se vê diante de seu próprio ato de comprar", afirma Cláudio Felisoni de Angelo, coordenador-geral do Provar.


Na prática, a ética no consumo é deixada de lado em lugar da vantagem de pagar menos e levar um produto semelhante, embora sem garantias de qualidade e procedência.


A pesquisa foi realizada com 500 consumidores da cidade de São Paulo. Comparando os produtos mais escolhidos para as compras, os CDs e DVDs estão em primeiro lugar no ranking geral, com 67,9%.


Quando perguntados se vêem alguma relação entre o comércio alternativo e o crime organizado, 48,1% afirmam não associar as duas coisas. Quanto maior o grau de instrução, menos as pessoas percebem a estreita relação entre estes universos da contravenção. É o reflexo de um dos maiores problemas do Brasil: considerar este crime tolerável, pois faz bem para o bolso", diz Felisoni.


Se num primeiro momento a compra parece vantajosa, dados do Conselho Nacional de Combate à Pirataria revelam o oposto. Estimativas apontam que para cada emprego informal criado (como uma nova barraca de camelôs nas ruas), seis formais são perdidos. Além disso, cerca de dois milhões de vagas de empregos são fechadas (ou deixam de ser abertas) todos os anos por causa da pirataria.

"A pirataria é um problema cultura e social no Brasil. O consumidor, ao adquirir um produto falsificado, não sabe o mal que causa a si próprio e ao desenvolvimento do país. Ao contrário, a pesquisa indica que 21,2% acham que comprar esses produtos clandestinos traz status. Um verdadeiro contra-senso", diz o professor.


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