A construção de oito cascos de navios-plataforma de petróleo vai movimentar o mercado de trabalho de Rio Grande e arredores, município da região litorânea do Rio Grande do Sul. Com investimentos de US$ 3,46 bilhões, as obras vão garantir emprego direto a 7 mil trabalhadores, no pico de produção, e a mais 21 mil ligados a empresas que prestam serviços indiretos.
Os contratos foram anunciados na última quinta-feira (11) pela Petrobras e a empresa Engevix Engenharia, encarregada das plataformas flutuantes, tipo FPSO, montadas em cascos de navios. As estruturas serão utilizadas na exploração de petróleo da camada pré-sal, projetadas para produzir, armazenar e transferir óleo e gás. Cada uma terá capacidade para processar diariamente até 150 mil barris de óleo e 6 milhões de metros cúbicos de gás natural. A previsão é que os dois primeiros cascos sejam entregues em 2013 e os demais ao longo de 2014 e 2015.
O diretor executivo da Engevix, Gerson Almada, afirmou hoje (12) que a mão de obra será local, com aproveitamento de moradores da região. Haverá treinamento específico para cada tipo de tarefa e serão chamados alunos dos cursos do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), patrocinado pelo governo federal e que forma anualmente milhares de pessoas no país. Até o primeiro semestre de 2011, serão criadas 1.500 vagas, com o auge da produção em 2012.
"Não está prevista a importação de mão de obra. Nós estamos com um programa de treinamento muito forte envolvendo o Prominp e as universidades locais. O Rio Grande do Sul tem uma tradição em polo metalmecânico e estamos fazendo uma reciclagem dessas pessoas para a indústria naval", afirmou.
O porte da encomenda vai envolver nada menos do que 100 empresas subcontratadas, segundo o executivo da Engevix. O edital publicado pela Petrobras prevê um mínimo de 65% de conteúdo local, mas, segundo Almada, o objetivo é ir além, chegando a 70% das peças e equipamentos fabricados no Brasil.
"As partes que ainda não se fazem no [Brasil] são ligadas à perfuração, sondas e determinadas bombas. Algumas coisas ainda precisamos procurar fora do país. Mas estamos começando com um trabalho de nacionalização, visto que não serão só oito [navios-plataforma], pois a Petrobras declarou que precisará de mais [embarcações] desse tipo."
Com o fortalecimento da nacionalização dos componentes, ganham centenas de empresas brasileiras, pois a complexidade do projeto vai gerar milhões de reais em encomendas. Cada casco vai utilizar 40 mil toneladas de aço, terá 8 mil toneladas de tubulações e abrigará 10 mil toneladas de equipamentos.
Um dos motivos que garantiram a vitória da Engevix na disputa licitatória, segundo o executivo, foi a proposta inovadora de se construir as plataformas a partir da montagem dos cascos. Até o momento o mais comum era se recondicionar navios antigos.
O executivo da Engevix previu que, mantidas as encomendas ao setor naval, o Brasil se tornará um exportador futuro de navios e plataformas, invertendo a tendência verificada em décadas passadas, quando a maior parte dos equipamentos era construída no exterior. "Este é o nosso objetivo. Acreditamos que não só atenderemos ao mercado nacional, mas também ao internacional. Para isso contamos com o apoio do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], que é muito ativo no apoio financeiro. Vamos pensar positivo e fazer de tudo para que seja um projeto de longo prazo."