As vendas de material de construção no varejo devem fechar este ano com queda de 5%, a primeira retração em 24 anos. "A última queda de vendas do setor ocorreu no governo Collor", afirma o presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Cláudio Conz.
Neste ano, até setembro, houve um recuo de 6% na receita nominal das empresas varejistas e o mesmo índice foi registrado nos últimos 12 meses. Segundo a pesquisa feita com 530 lojistas em todo o País, em setembro na comparação com agosto, as vendas de todos os materiais foram menores, com destaque para a forte queda de produtos básicos. Cimento e revestimentos, por exemplo, registraram recuos de 11% e 9%, respectivamente.
Na avaliação de Conz, os resultados do mês passado refletem a crise econômica, com aumento do desemprego e redução da oferta de crédito. "Toda a vez que temos diminuição do crédito e redução do número de empregos, isso se reflete de forma quase que instantânea no nosso setor."
Para se adequar à nova realidade, Conz diz que houve uma grande demissão de trabalhadores no comércio varejista de materiais de construção. Neste ano, as lojas cortaram 43 mil postos de trabalho. O setor emprega cerca de um milhão de pessoas. Num setor que é muito pulverizado, houve também fechamento de muitas lojas, especialmente as pequenas.
Apesar da conjuntura atual ser negativa, Conz vê perspectivas favoráveis a médio e longo prazos para o setor. "O ano que vem será melhor do que 2015." As 64 milhões de moradias precisam de manutenção e em algum momento as pessoas vão ter que fazer a reforma da casa que foi adiada e gastando mais, porque, com o passar do tempo, o desgaste é maior.
Além disso, o presidente da Anamaco diz que os bancos já demonstram intenção de impulsionar as linhas de crédito destinada à compra de materiais para compensar o fraco desempenho de outras linhas de financiamento.
Home center
Neste ponto, Conz acredita que o mercado de materiais construção é favorável para as grandes empresas. Nos últimos tempos, os home centers tiveram muita dificuldades para encontrar terrenos adequados, com 10 mil a 12 mil metros quadrados de área, à construção de novas lojas por causa da forte especulação imobiliária. "Agora com a superoferta de áreas, o preço do metro quadrado baixou." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.