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Cenário de crise desafia a se investir em inovação, diz presidente da Anpei

24 ago 2015 às 20:36

A fim de compartilhar experiências bem-sucedidas de inovação e de aproximar empresas inovadoras e instituições científicas e tecnológicas, teve início nesta segunda-feira (24) a 15ª Conferência de Inovação Tecnológica. Organizado pela Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei), o evento ocorre até o dia 26 em Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco.

A conferência reúne 142 cases inscritos, número recorde segundo a própria Anpei. "Discutiremos temas como Big Data [crescimento, disponibilidade e uso exponencial de informações estruturadas ou não], Internet das Coisas [situação em que a internet passa a conectar, além de pessoas, itens usados no dia a dia], cloud computing [armazenamento de dados nas nuvens, em uma infraestrutura externa à empresa], Indústria do Futuro e competitividade e cooperação entre startups e grandes empresas", disse o presidente da Anpei, Gerson Valença Pinto.


O cenário atual do país, de diminuição da atividade econômica, é, na opinião do presidente da Anpei, "desafiador" e leva muitas empresas a repensarem seus investimentos. Por isso, segundo ele, é necessário evitar que os cortes de recursos comprometam a atividade das empresas e o investimento em inovação. Apesar dessa dificuldade, Valença Pinto acha que essa situação pode trazer oportunidades. "O momento que passamos hoje se traduz em grande oportunidade, na busca por vantagens competitivas para que o Brasil exerça ao máximo seu protagonismo".


Inovação


A Agência Brasil ouviu durante o evento vários especialistas para falar sobre a importância da inovação no dia a dia da sociedade. Fundador de uma das empresas pioneiras de internet no Brasil – a Isat, que atua na área de tecnologia e educação – Dórian Lacerda Guimarães disse que a relação entre inovação e a evolução da internet trouxe mudanças importantes para o meio social.


"No começo, a gente conectava pessoas. Depois a gente colocava coisas - no caso, imagens e informações. A gente tinha substantivos na internet. Depois, a gente veio para a linha de inovação, onde trocamos o substantivo pelo verbo: fazer, comprar, curtir; pedir comida, chamar um táxi. É a inovação da ação. Em seguida o que aconteceu foi a inovação do propósito com o que você faz com o seu verbo e com o seu substantivo", disse.


O professor responsável por inovação e empreendedorismo da escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas, Silvio Meira, entende que inovação não envolve necessariamente tecnologia. Na opinião dele, inovar passa também por uma mudança de comportamento no mercado. "A gente tem de mudar o que a gente faz, e as pessoas têm de mudar o que elas fazem. E de repente acontece uma mágica de mudança de comportamento global de fornecedores e consumidores".


Para Silvio Meira, a maior inovação de todos os tempos são as máquinas programáveis: os computadores. Segundo ele, o computador começou com uma tese, em 1936, e chegou ao formato de hoje. São celulares, smartphones, tablets, PCs, computadores embutidos em carros, portas e televisores. "Essas máquinas programadas, com seu propósito definido por softwares que qualquer um pode escrever, são a invenção mais inovadora de todos os tempos, levada ao mercado em múltiplas formas, e servindo de vetor de uma mudança de comportamento".


Professor da PUC do Paraná e da UC Berkeley na Califórnia, Marcos Mueller Schlemm disse que é preciso diferenciar inovação, invenção e criatividade. "Para inovar você precisa de criatividade. Significa fazer algo novo; um processo; uma forma de fazer algo novo, ou usar um novo material ou produto e serviço". Ele citou como exemplo de algo inovador, a invenção de uma dentista, preocupada em diminuir a incidência de bactérias na boca das pessoas.


"Ela pediu que cortassem a base de uma colher de sopa para ver se podia raspar a língua. Isso resultou em um aparelho moldado em plástico. É inovação porque não existia. Ela teve uma ideia, criou uma solução, inventou um produto e conseguiu viabilizar usando os materiais adequados. No momento em que é aceito e comprado até em farmácia, tornou-se uma inovação", afirmou.


Presidente do Conselho de Inovação e Competitividade da Federação das Indústrias de São Paulo, Rodrigo Costa da Rocha Lourdes disse que Inovação "é aquilo que proporciona melhoria na vida das pessoas, estando presente na história da humanidade desde o seu início". Segundo ele, foi por meio dela que a civilização chegou ao atual patamar de progresso, o que resultou também em problemas em questões relativas à sustentabilidade.

"Por isso precisamos de um novo entendimento do que venha a ser um novo tipo de inovação, que denomino 'inovação sustentável': iniciativas e empreendimentos que são lucrativos ao mesmo tempo que melhoram a vida das pessoas, o ambiente, e que concorrem para o bem estar geral".


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