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Brasil tem 52 milhões de consumidores inadimplentes

13 mar 2014 às 17:10

O número de pessoas físicas inadimplentes na base de registros do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aumentou 5,54% em fevereiro de 2014 na comparação com o mesmo mês de2013. A alta foi maior do que a verificada em fevereiro de 2013 (5,34%), masmenor do que a registrada em igual período de 2012 (7,74%). A partir dessedado, o SPC Brasil e a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) estimam que, ao fim de fevereiro deste ano, havia no Brasil 52 milhões de consumidores que deixaram de pagar pelo menos uma dívida nos últimos cinco anos.

Na avaliação da economista do SPC Brasil, Luiza Rodrigues, após a inadimplência ter fechado o ano de 2013 em trajetória de desaceleração – principalmente por conta da menor disponibilidade de crédito ao consumidor – o indicador tem apresentado comportamento de alta neste início de ano.


Para a economista, o resultado era aguardado e reflete as compras não planejadas e contraídas em forma de parcelas no Natal do ano passado, assim como nas liquidações de janeiro — tradicional período de reaquecimento do comércio. Além disso, deve-se provavelmente ao comprometimento do orçamento familiar com pagamentos de despesas típicas de início de ano, como IPTU, IPVA e gastos escolares.


"Os dados confirmam as nossas expectativas de retomada do aumento da inadimplência. Os gastos de começo de ano pesaram no bolso do brasileiro, que passou a enfrentar mais dificuldades para cumprir seus compromissos financeiros, incluindo contas básicas, como água e luz", explica a economista.


Já na comparação com o mês imediatamente anterior (janeiro de 2014), o número de consumidores inadimplentes cresceu +1,95%, o crescimento mais elevado desde fevereiro de 2010, início da série histórica.


Número de dívidas atrasadas


O número de dívidas em atraso registradas na base de dados do SPC Brasil cresceu +3,02% em fevereiro de 2014 na comparação com igual período do ano passado. O crescimento foi menor que o observado em janeiro de 2014 frente ao mesmo mês de 2013 (3,15%), mas mesmo assim foi a terceira maior taxa registrada nos últimos 12 meses.


Já na variação mensal — fevereiro de 2014 sobre janeiro último — o número de dívidas em atraso avançou 0,80%. O crescimento verificado foi o menor dos últimos três anos.


Número médio de dívidas


De acordo com o indicador SPC Brasil, no mês de fevereiro de 2014, cada consumidor inadimplente tinha emmédia 2,044 dívidas em atraso. O resultado é um pouco menor do que o verificado em janeiro de 2014 (2,067 dívidas atrasadas por pessoa física) e também o menor resultado registrado desde o início da série histórica, em janeiro de 2010.


Apesar do menor número médio de dívidas por consumidor inadimplente, a economista Luiza Rodrigues explica que o resultado não reflete somente a quitação de dívidas, mas também o aperto na concessão de crédito.


"O que ocorre é que o número de pessoas inadimplentes está crescendo em um ritmo maior do que o número de novas dívidas. É provável que o aumento das inclusões de CPFs nas bases restritivas do SPC Brasil e a ampliação das consultas a essas bases tenham levado, principalmente nos últimos seis meses, à menor concessão de crédito a pessoas que já tinham restrição. Esse processo diminui o número médio de dívidas por pessoa inadimplente", explica a economista.


Vendas a prazo


As consultas ao banco de dados do SPC Brasil, que refletem o nível de atividade no varejo para as compras parceladas, apresentou avanço de 0,69% em fevereiro de 2014 na comparação com igual período de 2013.


Essa variação, ainda que positiva, representou uma forte desaceleração do indicador, que havia registrado um aumento de 11,23% em fevereiro de 2013. O avanço de fevereiro, na base anual de comparação, foi o resultado mais fraco observado nos últimos seis meses e o mais baixo para os meses de fevereiro em toda série histórica, iniciada em 2012.


Na avaliação de Luiza Rodrigues, o resultado reforça o cenário de desaceleração da atividade econômica observada ao longo de 2013 e neste início de ano, período marcado por alta dos juros, queda da confiança do consumidor, crescimento moderado do crédito e desaceleração da massa salarial.


Nesse sentido, o SPC Brasil e a CNDL entendem que os lojistas e os bancos estão mais criteriosos para conceder crédito. "Estamos observando uma tendência de maior rigor no processo de concessão de crédito. O momento é menos favorável ao consumo das famílias, uma vez que o custo para o consumidor comprar a prazo aumentou", explica Luiza Rodrigues.


No acumulado do bimestre, frente ao mesmo período de 2013, as vendas a prazo registraram um avanço de 2,83%.


Na comparação com janeiro de 2014, as vendas apresentaram queda de 0,27%. O presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Junior, explica que o resultado negativo na base de comparação mensal é típico do período, até porque o consumidor está com renda mais comprometida nesta época.


Apesar da sazonalidade desfavorável, a queda das consultas em fevereiro de 2014 frente a janeiro de 2014 foi menos acentuada do que a verificada no mesmo período do ano passado (-4,07%), devido ao feriado de carnaval.

"Se neste ano o Carnaval tivesse coincidido com fevereiro, como aconteceu nos anos anteriores, a queda no volume de vendas a prazo poderia ter sido ainda maior", explica Pellizzaro Junior.


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