O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, disse hoje (1°) que espera uma solução diplomática para a questão da dívida da Argentina, mas descartou eventual auxílio financeiro do Brasil ajudar ao país vizinho.
No último dia 26, o país vizinho depositou US$ 1 bilhão destinado a pagar os credores que aceitaram a reestruturação da dívida com o país. Entretanto, o juiz norte-americano Thomas Griesa ordenou a restituição da verba ao país, entendendo que os argentinos devem pagar a fundos especulativos, conhecidos como fundos abutres, que reclamam 100% do valor nominal dos títulos. Segundo Borges, o governo brasileiro está trabalhando para ajudar a Argentina e a Organização dos Estados Americanos (OEA) fará uma reunião para discutir o assunto.
"Nós estamos muito otimistas de que vai ter uma solução diplomática para essa questão. [O contrário] abriria um precedente extremamente grave nas práticas de negociação. Envolve a renegociação da dívida de um país soberano. Esperamos que não abra um precedente para outros países que possam viver um processo de renegociação de dívida", declarou.
Segundo Borges, um eventual socorro financeiro à Argentina não está em negociação. "Não está na mesa, nem de demandas da Argentina, nem de discussões do governo brasileiro", afirmou. De acordo com ele, o auxílio do Brasil ao país vizinho na questão da dívida externa se resume ao âmbito diplomático.
Mauro Borges deu as declarações em entrevista coletiva para comentar os resultados da balança comercial no primeiro semestre deste ano. O saldo ficou superavitário em US$ 2,365 bilhões em junho, melhor resultado desde 2011. De janeiro a junho, a balança está negativa em US$ 2,490 bilhões.
Em função das dificuldades argentinas, houve ainda retração no comércio bilateral entre o Brasil e o país latino-americano. No ano passado, o saldo comercial entre os dois países foi US$ 524 milhões até maio. No mesmo período deste ano, alcançou US$ 385 bilhões. Segundo o secretário de Comércio Exterior, Daniel Godinho, os argentinos reduziram suas compras de todos parceiros comerciais nesse intervalo.
Borges comentou o acordo automotivo do país vizinho com o Brasil, que entrou em vigor nessa terça-feira e vale por um ano.
"Nos parâmetros acordados, não vai ter restrição administrativa do fluxo de comércio. [O acordo] foi extremamente relevante para manter a normalidade do fluxo de comércio bilateral", disse.
O ministro reconheceu que, por causa da situação econômica, a Argentina deve ter um crescimento menor este ano. "Consequentemente, sua taxa de absorção [no comércio] será menor", declarou. Mesmo assim, segundo Mauro Borges, por enquanto não há perspectiva de nova linha para financiar o comércio bilateral conforme chegou a ser aventado durante a discussão do acordo. "Essa nova linha não vai ser acionada nesse momento", disse.