O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, disse hoje, em São Paulo, que pela primeira vez nos últimos 30 anos a economia brasileira crescerá acima da inflação. De acordo com Bernardo, a previsão do governo é de que o Produto Interno Bruto (PIB) avance 6% em 2010 e a inflação fique em torno de 5%. Em relação ao crescimento do PIB do primeiro trimestre, de 2,7% na margem e de 9% interanual, o ministro brincou, dizendo que se sentiu culpado ao ouvir os comentários pessimistas dos analistas, ontem à noite, na televisão.
"Analistas faziam fila para dizer que o crescimento do PIB é perigoso. Quase me senti culpado e disse: Caramba, o presidente deveria ter pensado antes de tomar todas aquelas medidas", ironizou, sob aplauso dos trabalhadores e representantes das centrais sindicais que participaram da cerimônia de cessão do prédio onde funcionará a Escola Dieese de Ciências do Trabalho. Bernardo explicou que não há intenção do governo em frear o crescimento.
"Nós queremos crescer, mas sem inflação, para não prejudicar a vida dos trabalhadores nem as contas das empresas", disse. Segundo ele, o governo precisa de todo o jeito procurar uma maneira de a economia crescer de modo sustentado 5% ao ano. "O Brasil tem hoje 200 milhões de brasileiros e precisamos de 200 milhões com acesso aos bens básicos e poder, de vez em quando, comprar alguns supérfluos, uma vez que ninguém é de ferro", afirmou. Ainda conforme o ministro do Planejamento e Orçamento, o governo deverá nas próximas semanas refazer as projeções de crescimento, uma vez que os dados são bastante eloquentes. A projeção anterior do governo de crescimento em 2010 era em torno de 5%, de acordo com Bernardo.
Com relação à inflação, o ministro do Planejamento afirmou que o aumento dos preços do começo do ano até agora foram provocados por alimentos em decorrência das intempéries. Agora, declarou, os preços dos alimentos começam a arrefecer e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ficar pouco acima do centro da meta em 2010. A meta de inflação para este ano, determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) a ser perseguida pelo Banco Central, é de 4,5%. Isso significa que, se a inflação fechar em torno de 5%, como prevê o governo, segundo Bernardo, o IPCA ficará 0,5 ponto porcentual acima do centro da meta.