O Bradesco desistiu de comprar a Credicard, em processo de venda pelo Citibank, segundo fontes próximas às negociações. O banco havia oferecido cerca de R$ 3 bilhões para ficar com o negócio, mas não obteve resposta à proposta, cujo prazo expirou no fim da semana passada.
"O Bradesco fez uma proposta agressiva, mas não obteve resposta do Citibank e, por isso, desistiu de comprar a Credicard", confirmou uma fonte ligada à transação.
O anúncio oficial da desistência deve ser feito hoje, conforme a mesma fonte. Oficialmente, o Bradesco não confirmou se havia entregado a proposta de interesse pela Credicard. Durante teleconferência para comentar seus resultados do primeiro trimestre com a imprensa, no dia 22 de abril, o diretor executivo do Grupo Bradesco, Luiz Carlos Angelotti, disse que, como o foco do banco é varejo, todas as oportunidades existentes neste segmento são avaliadas.
O Santander também pode ter desistido de comprar a Credicard, segundo fonte ouvida pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, restando apenas o Itaú Unibanco na disputa. Marcial Portela, até então presidente do banco espanhol, disse, durante divulgação de resultados, que não existiam outras oportunidades de aquisição no País a não ser a que está em andamento, referindo-se à Credicard. No entanto, não confirmou se o Santander entregou proposta para adquirir a Credicard, cujo prazo de envio terminou dia 12 de abril.
O Itaú Unibanco foi o único que confirmou oficialmente a entrega da proposta. Em conversa com analistas na semana passada, a instituição reafirmou o interesse pela compra da Credicard e que pretendia fazer força para ganhar a disputa pelo ativo.
"Temos uma posição de liderança em cartões. Temos interesse, é claro, na operação que está sendo ofertada pelo Citibank. Estamos competindo. Vamos fazer força para ganhar dentro daquilo que traga retorno para os nossos acionistas", disse Alfredo Egydio Setubal, vice-presidente executivo e diretor de Relações com Investidores, em teleconferência com analistas, na quinta-feira.
Segundo ele, embora o objetivo do Itaú seja adquirir a Credicard, o banco não vai fazer nenhuma "loucura" acima do que é razoável em termos de retorno para os acionistas. Setubal destacou ainda que se trata de uma operação que o Itaú conhece bem, inclusive a base de clientes, pela posição anterior da Credicard. O banco tem interesse em retomar o negócio, pois vendeu 50% da empresa ao Citi no final de 2006, por R$ 280 milhões.
Com sete milhões de clientes, a Credicard é vista como uma oportunidade de o novo dono ampliar participação no setor de cartões. A empresa tem 4,7 milhões de cartões de crédito, respondendo por cerca de 10% do faturamento do setor no País. O negócio, porém, inclui uma área de financiamentos que engloba os segmentos de crédito ao consumo (incluindo consignado) e imobiliário.
O Banco do Brasil, que participou de grande parte do processo, chegou a cogitar fazer uma proposta em parceria com o Bradesco, mas também desistiu do negócio.