A queda do risco de calote é o principal fator que vai reduzir o juro do crédito rotativo do cartão. A explicação foi dada pelo diretor de regulação do Banco Central, Otávio Damaso. Com a nova limitação de uso dessa operação por até 30 dias, a nova regra anunciada mais cedo vai forçar a migração dessa dívida para outras operações, como o crédito pessoal, que seriam menos arriscadas para o banco. Assim, o BC prevê juros menores no futuro.
Damaso explicou que atualmente instituições financeiras se arriscam ao oferecer o crédito rotativo. "A instituição financeira tem que disponibilizar o crédito e, uma vez tomado, não se sabe quando será pago. Isso cria uma incerteza para a instituição financeira que não sabe exatamente o fluxo de caixa que terá no futuro", disse o diretor do BC.
Atualmente, o calote atinge 37% das operações de crédito rotativo usadas pelas pessoas físicas e 59% no caso das empresas. Diante dessa elevada inadimplência, bancos fazem provisão média de 50% da carteira para eventual calote. Isso explica juros superiores a 400% ao ano nessa modalidade.
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O diretor do BC afirmou que, com a nova regra, esse risco diminuirá porque o débito do cliente será repactuado em outra operação que tem prazo específico, como o crédito pessoal. "Isso dará maior previsibilidade", disse, ao comentar que bancos terão mais segurança e, por isso, poderão cobrar menos. Damaso citou como exemplo que, ao contrário do calote de dois dígitos do rotativo, o crédito parcelado tem inadimplência de apenas 1,1% na pessoa física e 2,3% entre empresas. Por isso, a provisão para essas operações é muito menor: 5%.
Troca
Questionado sobre como o risco relacionado ao cliente poderá cair com a simples troca de operação, o diretor deu poucos detalhes. Damaso explicou que bancos avaliarão "a situação, o histórico e o momento do cliente para buscar uma solução adequada". "A instituição vai analisar e terá um componente que vai permitir gerenciar melhor e isso vai se traduzir em qualidade." Ele não deu outros detalhes sobre como será possível reduzir o risco do cliente que teria elevada chance de calote com o crédito rotativo antigo ao simplesmente passar a dívida para outra operação.