As contas externas devem fechar este ano com um resultado negativo menor do que o previsto anteriormente pelo Banco Central (BC). A estimativa para o déficit em transações correntes, que registra as compras e vendas de mercadorias e serviços, passou de US$ 68 bilhões para US$ 56 bilhões.
Em relação a tudo o que o país produz (Produto Interno Bruto – PIB), a projeção para esse déficit ficou em 2,36%, ante 2,56% previstos anteriormente. Nos primeiros cinco meses do ano, o saldo negativo das transações representou 2,19% do PIB.
De janeiro a maio, o déficit em transações correntes chegou a US$ 20,958 bilhões, ante US$ 22,557 bilhões, registrados em igual período de 2011. Apenas em maio, o resultado negativo ficou em US$ 3,468 bilhões.
Nesse cálculo das transações correntes está a balança de serviços (viagens internacionais, transportes, aluguel de equipamentos e outros). Nesse caso, a projeção do BC para este ano passou de US$ 42,1 bilhões para US$ 39 bilhões. A balança de serviços registrou déficit de US$ 3,713 bilhões, no mês passado, e de US$ 16,36 bilhões, de janeiro a maio.
A balança comercial, formada por exportações e importações, registrou superávit de US$ 3,468 bilhões, em maio, e acumulou US$ 20,958 bilhões, nos cinco meses do ano. A projeção de superávit comercial para o ano caiu de US$ 21 bilhões para US$ 18 bilhões.
Na conta de rendas (remessas de lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários), houve resultado negativo de US$ 2,988 bilhões, em maio, e de US$ 12,007 bilhões, no acumulado até o mês passado. Nesse caso, a previsão do BC foi alterada de US$ 49,6 bilhões para US$ 37,9 bilhões.
As transferências unilaterais correntes (doações e remessas de dólares que o país faz para o exterior ou recebe de outros países, sem contrapartida de serviços ou bens) registraram ingressos líquidos de US$ 281 milhões, no mês passado, e US$ 1,137 bilhão, de janeiro a maio. A previsão para o ingresso líquido este ano foi ajustada de US$ US$ 2,7 bilhões para US$ 2,8 bilhões.
Quando o país tem déficit em conta-corrente, ou seja, gasta além da sua renda, é preciso financiar esse resultado com investimentos estrangeiros ou tomar dinheiro emprestado do exterior.
A expectativa do BC é que o investimento estrangeiro direto (IED), que vai para o setor produtivo da economia, cubra parte desse resultado negativo. A projeção para o IED este ano foi mantida em US$ 50 bilhões. Em relação ao PIB, a estimativa foi ajustada de 1,89% para 2,11%.
Esses investimentos ficaram em US$ 3,716 bilhões, no mês passado, e acumularam US$ 23,323 bilhões de janeiro a maio deste ano. Em 2011, o investimento no setor produtivo chegou ao recorde de US$ 66,66 bilhões.
O BC também espera que o país receba US$ 8 bilhões de investimentos estrangeiros em ações negociadas em bolsas de valores do Brasil e do exterior. A estimativa anterior era maior, US$ 12 bilhões. De janeiro a maio, esses investimentos ficaram em US$ 3,418 bilhões.
Outro tipo de investimento estrangeiro é o feito em títulos de renda fixa. A previsão do BC é que esses investimentos fiquem em US$ 3 bilhões, antes US$ 5 bilhões da estimativa anterior. Nos cinco primeiros meses do ano, esses investimentos totalizaram US$ 1,37 bilhão.