O Banco Central injetou nesta terça-feira, 18, R$ 760 milhões nas cooperativas de crédito. Com mudanças no Fator de Ponderação de Risco (FPR), que é quanto a instituição tem de manter em caixa para cada operação de crédito feita, o BC liberou esses recursos extras para que essas instituições façam mais empréstimos. A autoridade monetária também autorizou que as cooperativas façam emissão de Letras Financeiras, o que pode abrir espaço para a maior participação de entidades estrangeiras nesse segmento.
O chefe de gabinete e diretor de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central, Aloisio Tupinambá, disse durante o VI Fórum de Inclusão Financeira em Florianópolis, onde o BC anunciou as medidas, que as mudanças têm o objetivo de reduzir custos operacionais e "dotá-las de melhores condições para seu crescimento".
"O BC também está reduzindo de 50% para 20% o Fator de Ponderação de Risco de operações feitas entre entidades cooperativas", disse Tupinambá, acrescentando que a autoridade monetária está liberando mais recursos sem colocar o sistema em risco. Isso, na prática, quer dizer que antes, para cada R$ 100 que uma cooperativa emprestasse a outra, tinha de ter em caixa R$ 50 para fazer frente ao risco de calote. Agora, esse valor caiu para R$ 20. "Estamos só ajustando em relação ao risco. É uma avaliação periódica, um projeto de não bancários", disse.
O BC ainda negou que houvesse problema de liquidez entre as cooperativas e disse que as mudanças anunciadas hoje não têm relação com dificuldades. "A gente reconhece que as cooperativas têm estruturação positiva. O sistema provê supervisão, sistemas operacionais, provê apoio inclusive em casos de liquidez. Tem várias operações dentro do sistema até que ele atinja a sua finalidade", disse o chefe de gabinete do BC, acrescentando que a autoridade monetária está desonerando as instituições dentro do sistema.
Os técnicos do BC explicaram ainda que a aprovação pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para que as cooperativas de crédito possam emitir Letras Financeiras tem por objetivo compor o capital dessas instituições. Com a nova medida, as cooperativas passarão a ter acesso a "funding" mais estável para o financiamento de suas operações de crédito de médio e longo prazo, informou o Banco Central.
"A emissão de Letras Financeiras por cooperativas tem como objetivo compor o capital e estamos incluindo as cooperativas para emitir Letras Financeiras, mas apenas com cláusula de subordinação", reiterou o chefe do Departamento de Regulação e Financeiro do BC, Júlio Carneiro.
A norma do CMN prevê que a emissão de Letras Financeiras pelas cooperativas de crédito limita-se ao propósito de composição do Patrimônio de Referência dessas instituições, atendendo, assim, às necessidades de capital, que é quanto em dinheiro ela precisa ter para poder operar, ao mesmo tempo em que impõe condições restritas para a colocação desses títulos no mercado.