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Banco Central reduz projeção para déficit em contas externas para US$ 65 bilhões

22 set 2015 às 13:43

O Banco Central (BC) revisou a projeção para o saldo negativo das contas externas de US$ 81 bilhões para US$ 65 bilhões, este ano. Esse déficit em transações correntes, saldo negativo das compras e vendas de mercadorias e serviços do Brasil com o resto do mundo, deve representar 3,71% de tudo o que o país produz – englobado no Produto Interno Bruto (PIB). A estimativa anterior para essa relação era 4,17%.

De janeiro a agosto, o saldo negativo ficou em US$ 46,148 bilhões, contra US$ 65,248 bilhões nos oito meses de 2014. O déficit chegou ao final do ano passado em US$ 103,597 bilhões, o que representou 4,42% do PIB.


Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, a recessão econômica e o dólar alto levaram a essa revisão na estimativa de déficit das contas externas. "A taxa de câmbio tem impacto imediato pelo fato de influenciar diretamente o custo das transações", disse Maciel. Por exemplo, o dólar mais caro estimulam as exportações e desestimulam importações, que ficam mais caras.


"A taxa de câmbio é componente essencial das contas externas. Atua no sentido de dar equilíbrio às contas externas. É importante que flutue", disse. Maciel acrescentou que a taxa de câmbio reflete condições de oferta e demanda e o BC atua no sentido de reduzir fortes oscilações e para dar liquidez (ampliar dinheiro disponível) ao sistema.


Uma das contas incluídas no cálculo das transações correntes é a balança comercial, formada pelas exportações e importações do país. A balança comercial deve contribuir para um déficit de transações correntes um pouco menor, já que a projeção do BC prevê saldo positivo de US$ 12 bilhões para essa conta. A previsão anterior para o superávit comercial era US$ 3 bilhões. De janeiro a agosto, o superávit comercial chegou a US$ 6,333 bilhões, contra déficit de US$ 889 milhões registrados em igual período do ano passado.


Além das compras e vendas de mercadorias, também estão incluídas no balanço das transações do país com exterior a conta de serviços (viagens internacionais, transportes, aluguel de equipamentos, seguros, entre outros). A conta de serviços deve apresentar déficit de US$ 40,3 bilhões, este ano. A previsão anterior era US$ 44,2 bilhões. De janeiro a agosto, o saldo negativo ficou em US$ 26,417 bilhões, contra US$ 30,735 bilhões, em igual período do ano passado.


Também deve apresentar déficit a conta de renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários): previsão de US$ 39,7 bilhões, ante a estimativa anterior de US$ 41,6 bilhões. Nos oito meses do ano, o déficit dessa conta ficou em US$ 27,619 bilhões, ante US$ 35,187 bilhões em igual período do ano passado.


A conta de renda secundária (renda gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens) deve apresentar saldo positivo de US$ 2,9 bilhões, contra a previsão anterior de US$ 1,8 bilhão. De janeiro a agosto, essa conta ficou positiva em US$ 1,555 bilhão, contra US$ 1,562 bilhão em igual período de 2014.


Quando o país tem déficit em conta-corrente, ou seja, gasta além da renda do país, é preciso financiar esse resultado com investimentos estrangeiros ou tomar dinheiro emprestado no exterior. O investimento direto no país (IDP), recursos que entram no Brasil e vão para o setor produtivo da economia, é considerado a melhor forma de financiar esta conta por ser de longo prazo.


Nos oito meses do ano, o IDP chegou a US$ 42,169 bilhões, contra US$ 65,433 bilhões, nos oito meses de 2014. A projeção do BC para este ano é que esses investimentos cheguem a US$ 65 bilhões. A projeção anterior era US$ 80 bilhões.


Apesar da redução no IDP, Maciel destacou que os investimentos irão cobrir todo o déficit em transações correntes, este ano. "As condições para financiamento das transações correntes continuam adequadas", disse.


O investimento em ações negociadas no Brasil e no exterior devem chegar a US$ 11 bilhões, este ano, contra a projeção anterior de US$ 15 bilhões. Nos oito meses do ano, a entrada líquida (descontada a saída) desses investimentos chegou a US$ 10,127 bilhões.

Na previsão para o investimento em títulos negociados no país, deve haver mais entrada de investimentos do que saída, com saldo positivo de US$ 20 bilhões. A projeção anterior era US$ 26,5 bilhões. De janeiro a agosto, o saldo positivo ficou em US$ 18,719 bilhões.


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